O setor público consolidado do Brasil apresentou um déficit primário de R$ 14,4 bilhões em novembro, segundo o boletim de Estatísticas Fiscais divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (30/12). O resultado é um aumento em relação ao déficit de R$ 6,6 bilhões registrado no mesmo mês de 2024 e levou a dívida bruta do país a 79% do Produto Interno Bruto (PIB).
Principais destaques e evolução das contas públicas
O documento aponta que, no acumulado em 12 meses, o déficit nominal – que considera todas as despesas, incluindo os juros – atingiu R$ 1.027,4 bilhões, equivalente a 8,13% do PIB. Esse valor é próximo ao déficit de R$ 1.024,9 bilhões (8,15% do PIB) relatado no mês anterior.
Na segunda-feira (29/12), o Tesouro Nacional revelou que as contas do governo central – que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social – também apresentaram déficit de R$ 20 bilhões em novembro. O conjunto dessas contas apresentou déficits de R$ 16,9 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente, enquanto os governos regionais tiveram superávit de R$ 5,3 bilhões.
Dívida bruta e seus fatores de variação
A dívida bruta do governo geral (DBGG) atingiu R$ 10 trilhões, o equivalente a 79% do PIB, um aumento de 0,6 ponto percentual no mês. Segundo o Banco Central, essa evolução decorreu dos juros nominais apropriados, das emissões líquidas de dívida, do reconhecimento de dívidas, além do crescimento do PIB nominal e efeitos de valorização cambial.
O boletim informa que, no ano, a DBGG cresceu 2,8 pontos percentuais do PIB, influenciada principalmente pelos juros nominais, emissões de dívida e variações cambiais, incluindo o efeito da valorização do real em relação ao dólar, de 3,1% no mês.
Indicadores das dívidas específicas
A dívida líquida do setor público (DLSP), que exclui as dívidas internas, atingiu 65,2% do PIB (R$ 8,2 trilhões) em novembro, com um aumento de 0,5 ponto porcentual no mês. Conforme o BC, esse crescimento reflete os efeitos dos juros nominais, do déficit primário e da valorização cambial.
Ao longo do ano, a DLSP aumentou 3,9 pontos do PIB, impacto que também está ligado às variações nas taxas de juros e à variação do PIB nominal.
Implicações para a economia brasileira
O aumento dos déficits e da dívida pública reflete o desafio fiscal enfrentado pelo Brasil, especialmente diante do crescimento das despesas e do aumento dos juros nominais, que vêm pressionando as contas públicas. Especialistas apontam que esses indicadores reforçam a necessidade de ajustes na política fiscal para evitar uma trajetória insustentável da dívida.
O secretário de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda afirmou que as medidas para controlar o déficit precisam ser prioridade nas discussões para 2025. A evolução da dívida e o déficit primário continuam a ser fatores que influenciam a credibilidade do país no mercado internacional e o custo de captação de recursos.
Segundo o Banco Central, o acompanhamento dessas métricas é fundamental para orientar as políticas de estabilização fiscal e o fortalecimento econômico no médio prazo.
Fonte: Metropoles


