O Brasil gerou 85 mil postos de trabalho formais em novembro, acima das estimativas que apontavam 75 mil vagas. Contudo, dados mostram uma redução de 19% na comparação interanual, refletindo uma desaceleração no mercado de trabalho ao longo do ano. Desde janeiro até novembro, o país criou 1.895.130 vagas, menor volume do que o registrado no mesmo período de 2022, que foi de 2.233.029. Apesar do saldo positivo, o cenário revela sinais de fadiga na geração de empregos.
Diferenças entre dados do IBGE e do Caged
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados pelo IBGE, e os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, não entram em conflito. Segundo Janaína Feijó, economista do FGV Ibre, a principal distinção é a atualidade dos dados: a PNAD trabalha com trimestres móveis, enquanto o Caged reflete a situação do mês específico, com seus efeitos se diluindo ao longo do tempo.
Impacto da taxa de juros na criação de vagas
A economista destaca que, desde maio, a formação de empregos vem desacelerando, especialmente nos setores mais dependentes de crédito, como indústria e construção. Essa tendência evidencia o impacto dos juros em patamar elevado, um cenário repetido pelo Banco Central nos meses recentes. Apesar disso, não há previsão de aumento no desemprego; expectativa de estabilidade da taxa de 5,5% a 6% permanece válida.
Perspectivas e possíveis melhorias
Embora o Caged indique uma desaceleração na geração de vagas, Janaína Feijó acredita que o mercado mantém uma condição elevada de emprego. Ela explica que, com o início de um ciclo de corte de juros previsto para 2026, há chance de reverter a tendência e revitalizar setores mais sensíveis ao crédito. A expectativa de uma retomada maior no ritmo de criação de postos está relacionada à melhora na política de juros, que poderia facilitar investimentos e impulsionar a economia.
Análise do cenário atual
Dados da PNAD confirmam que o nível de emprego está relativamente sólido, com taxa de participação de 62,2%, desemprego em 5,2% e rendimentos médios crescendo quase 2% no último trimestre. Apesar da redução na ocupação na construção e na indústria — principais responsáveis pela destruição líquida de vagas — o comércio e os serviços têm apresentado bom desempenho. A permanência de juros elevados dificulta o acesso ao crédito e adia investimentos, mas uma eventual redução da Selic pode promover um novo ciclo de crescimento.
Segundo Janaína Feijó, “o que se observa é uma perda de ritmo na geração de vagas, mas o nível de emprego continua elevado”. Portanto, embora os números indiquem desaceleração, o mercado de trabalho brasileiro permanece resiliente e com potencial de recuperação em 2026, caso as condições de crédito melhorem.
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