Cecília Giménez Zueco, a mulher que ganhou notoriedade mundial após a infame restauração do quadro “Ecce Homo” em 2012, faleceu nesta segunda-feira (29) aos 94 anos. A informação foi confirmada pelo prefeito de Borja, Eduardo Arilla, embora a causa da morte não tenha sido divulgada.
Nascida em 23 de janeiro de 1931, em Borja, Espanha, Cecília sempre teve uma paixão por pintura. Ao longo de sua vida, ela dedicou-se à arte, criando diversas obras, principalmente paisagens. Porém, foi a sua tentativa de restaurar o famoso afresco “Ecce Homo”, que se tornou o eixo de sua fama global.
A restauração que virou meme
Em 2012, Cecília decidiu, por conta própria e sem autorização, restaurar a imagem de Jesus Cristo em um mural na Igreja do Santuário da Misericórdia, na sua cidade natal. O resultado, que diversamente do esperado, transformou-se em uma caricatura, logo foi amplamente divulgado nas redes sociais, fazendo com que a história viralizasse. A restauração amadora foi tão marcante que o Santuário se tornou uma atração turística, atraindo milhares de visitantes em busca da famosa “pior restauração da história”.

Antes e depois da obra restaurada por Cecília
A repercussão do caso
O afresco, originalmente pintado no início do século 20 por Elías García Martínez, já estava em estado avançado de deterioração quando a tentativa de restauração ocorreu. Cecília, então com 81 anos, sentiu-se culpada pelo resultado inesperado e assumiu a responsabilidade, buscando apoio da prefeitura após perceber as consequências da sua ação.
Com a repercussão negativa inicial, Cecília passou a ser vítima de intensas críticas e não conseguiu lidar imediatamente com a notoriedade. Em uma entrevista ao jornal “The Guardian” em 2015, ela demonstrou como sua perspectiva mudou ao longo do tempo.
“Não sou um dos grandes pintores do mundo. Mas sempre amei pintar e até realizei algumas exposições individuais. […] Se eu não tivesse me interessado em salvar a pintura, ela nem existiria hoje”, relatou Cecília.
A nova visão sobre a obra
Cecília também expressou que, após algum tempo, a comunidade começou a ver sua ação sob uma nova luz. “Mais de dois anos depois, todos aqui veem o que eu fiz sob uma perspectiva diferente. A restauração colocou Borja no mapa mundial, o que significa que fiz algo pela minha aldeia que ninguém mais conseguiu fazer”, afirmou.
A sua obra, além do impacto estético, tornou-se um fenômeno cultural e um símbolo de como ações, mesmo inesperadas, podem gerar movimentações e atração ao redor de uma cidade pequena. O Santuário da Misericórdia, onde Cecília passou boa parte de sua vida e onde está exposta a famosa restauração, prestou uma emocionada homenagem à artista em suas redes sociais, destacando suas qualidades humanas e seu amor pela comunidade.
“Falar de Cecília é falar de mãe dedicada, de luta, de força, mas acima de tudo é falar de generosidade… Descanse em paz, Cecília. Vamos lembrar de você para sempre”.
Cecília Giménez deixa um legado que transcendeu o erro do passado, provando que a arte pode conectar pessoas e criar histórias que, apesar das adversidades, trazem à tona a essência do ser humano.

