Brasil, 29 de dezembro de 2025
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Medidas nos Correios são positivas, mas insuficientes, apontam especialistas

As medidas anunciadas nesta segunda-feira pelo presidente dos Correios, Emnanoel Rondon, para reestruturar a estatal cujo prejuízo deve alcançar R$ 23 bilhões em 2026, foram consideradas pelo mercado e especialistas um passo na direção certa, mas insuficientes para solucionar os problemas financeiros da empresa. Além das dificuldades de gestão, o alto déficit reforça a necessidade de privatização, descartada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Principais pontos do plano de recuperação

Apesar do avanço, a percepção de especialistas é de que as medidas, incluindo a redução de gastos em R$ 2,1 bilhões, não serão suficientes para enfrentar o imenso prejuízo da estatal. Segundo Armando Castelar, economista do Ibre/FGV, o impacto financeiro do plano ficará pequeno frente ao rombo de R$ 23 bilhões previsto para 2026. “São números que, considerando o prejuízo estimado, não farão frente”, avalia.

O cenário atual é de perdas recordes: em 2024, os Correios devem fechar o ano com prejuízo de cerca de R$ 10 bilhões. Em 2026, esse valor deve mais que dobrar, ampliando o desafio de equilibrar as finanças, enquanto a execução das ações planejadas, como o corte de despesas e o plano de demissão voluntária, tende a ser lenta e cara.

O planejamento, afirma Castelar, apresenta um complicador: o processo de venda de cerca de mil imóveis do governo é moroso, e o PDV deve gerar custos adicionais antes de resultar em economia significativa. “Essas ações demandam tempo e recursos, o que não é compatível com a urgência de resolver o déficit”, explica.

Claudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria, critica a insuficiência das medidas e seu atraso. Ele ressalta que a participação dos Correios no mercado de entregas caiu de 51% para menos de 25% e defende a privatização como única saída viável. “A participação no mercado de logística é fundamental para o futuro da companhia, e só a privatização garante essa sobrevivência”, afirma.

Frischtak também aponta que os problemas de governança, influenciados por pressões políticas, assim como a alta concorrência, o excesso de mão de obra e os passivos contingentes, pesam na crise. Segundo ele, a gestão no setor público dificulta a realização de mudanças profundas, especialmente em ano eleitoral e com Justiça trabalhista leniente.

Custo elevado para o caixa público

O grande impasse financeiro se dá na necessidade de caixa de R$ 20 bilhões. Mesmo com empréstimos de R$ 12 bilhões garantidos pela União, os Correios ainda precisam de outros R$ 8 bilhões, que podem vir de crédito ou recursos governamentais.

Sérgio Lazzarini, professor do Insper, destaca que qualquer aporte deve vir acompanhado de um plano de reestruturação sólido. “Sem uma estratégia clara, os recursos adicionais podem apenas postergar a crise”, avalia. Ele reforça que o governo precisa reavaliar sua postura quanto à governança e gestão das estatais.

Castelar lembra que os Correios foram retirados do programa de privatizações do governo em 2023, decisão que tem custos políticos e econômicos, já que a União acaba arcando com os prejuízos. “O valor de mais de R$ 8 bilhões que o governo precisa destinar à estatal é alto e recorrente”, observa.

Privatização como alternativa

Especialistas concordam que a saída mais efetiva é a privatização, com potencial de dividir a estatal em duas partes: uma centrada nos serviços que continuam deficitários, mas necessários, e outra voltada para atividades rentáveis. “Privatizar o que gera receita, sem perpetuar o prejuízo, é o caminho estratégico”, afirma Frischtak.

Ele também sugere que serviços essenciais, como o atendimento em regiões remotas, poderiam ser mantidos por meio de concessões sob regulação eficiente, como ocorreu em setores de saneamento ou telecomunicações.

Frischtak conclui que a privatização, embora complexa e de longo prazo, representa a única saída sustentável para superar a crise fiscal e operacional dos Correios, evitando custos recorrentes ao caixa público.

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