Na manhã desta segunda-feira (29/12), o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, revelou em coletiva os detalhes do ousado plano de reestruturação da estatal, que visa reequilibrar suas finanças e retomar a lucratividade até 2027. O evento, realizado na sede da empresa em Brasília, contou com a presença da diretoria da companhia e teve como foco principal o Plano de Reestruturação 2025–2027.
Medidas do plano de reestruturação dos Correios
Entre as medidas apresentadas, está um programa de demissão voluntária que poderá afetar até 15 mil funcionários, sendo 10 mil desligamentos programados para 2026 e os restantes 5 mil até 2027. Além disso, o plano prevê o fechamento de cerca de mil unidades dos Correios em todo o Brasil, bem como uma ampliação das parcerias com o setor privado, buscando aumentar as receitas e conter os gastos.
Rondon enfatizou a urgência das ações para garantir a sustentabilidade financeira da estatal, que enfrenta uma grave crise econômica. “Estamos determinados a implementar essas mudanças essenciais para garantir um futuro mais sólido e rentável para os Correios”, declarou o presidente durante a coletiva.
Empréstimo estratégico para reestruturação
Para viabilizar essa reestruturação, os Correios firmaram um contrato de empréstimo no valor de R$ 12 bilhões com cinco grandes bancos, entre eles Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Essa operação, que conta com o aval do Tesouro Nacional, está condicionada à implementação do plano de reestruturação e tem como objetivo cobrir compromissos financeiros em atraso, como salários e dívidas antigas.
O contrato tem um prazo de 15 anos e os recursos serão essenciais para o financiamento da reorganização da empresa, que nos primeiros nove meses do ano registrou um prejuízo de R$ 6,1 bilhões. A situação das finanças dos Correios se deteriorou nos últimos anos, com perdas significativas desde 2023, e isso torna a reestruturação uma questão de sobrevivência para a estatal.
Greve dos trabalhadores e impasse nas negociações
No entanto, a reestruturação da empresa acontece em um cenário conturbado, marcado por uma greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que começou no dia 16 de dezembro. O movimento de paralisação ganhou força após a rejeição da proposta de acordo coletivo para 2025/2026, mediada pela vice-presidência do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
- A greve foi intensificada na noite do dia 23/12, com sindicatos rejeitando a proposta de acordo.
- Uma tentativa de mediação no dia 26/12 pelo Centro Judiciário de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Cejusc) do TST terminou sem um acordo satisfatório.
- Uma nova rodada de negociações foi agendada para a tarde desta segunda-feira (29), representando a última chance de resolver a situação sem intervenção judicial.
- Se as partes não chegarem a um consenso, uma decisão judicial sobre o dissídio será feita nesta terça-feira (30/12), afetando ainda mais a relação entre a empresa e os trabalhadores.
As próximas horas serão cruciais para a companhia, que precisa encontrar uma solução que permita retomar suas operações e assegurar uma transição tranquila para os seus empregados, ao mesmo tempo em que busca a reestruturação financeira necessária para garantir sua sobrevivência no longo prazo.
Com as direções dos Correios tomando medidas drásticas, a expectativa é de que as negociações dessa segunda-feira revelem um cenário decisivo para o futuro da empresa e de seus trabalhadores.
As atualizações sobre essa situação serão essenciais para acompanhar como os Correios, um dos serviços públicos mais tradicionais do Brasil, conseguirá navegar por essa crise financeira e organizacional.


