Em uma mensagem de fim de ano publicada nesta segunda-feira (29/12), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) levantou preocupações sobre a atuação do Congresso Nacional durante 2025, destacando um ano repleto de retrocessos sociais e uma crescente corrupção. Esta declaração, assinada pelo presidente Dom Jaime Cardeal Spengler, incluindo os vice-presidentes e o secretário-geral, reflete uma preocupação significativa da Igreja Católica com a situação do país.
A crítica à fragilização da legislação e ao aumento da corrupção
Na mensagem, a CNBB afirma que o ano foi marcado por “retrocessos sociais”, citando a fragilização da legislação ambiental e um aumento alarmante da corrupção. Os bispos mencionam a aprovação do Marco Temporal, que ocorreu no início de dezembro, como um dos eventos mais preocupantes, uma vez que agrava o desrespeito aos direitos dos povos indígenas. Essa aprovação foi alvo de forte contestação e gerou tensões sociais no Brasil.
Outra questão levantada pela CNBB foi a modificação na Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que, segundo a entidade, compromete a proteção ao meio ambiente e pode resultar em danos irreversíveis. A crítica se estende ainda ao que eles chamam de “pagamento exorbitante de juros e amortizações da dívida”, apontando que isso limita a capacidade do país de investir em áreas fundamentais como educação, saúde e segurança.
Uma perspectiva sobre a ética e discursos de ódio
Além das questões sociais e ambientais, a CNBB também abordou o que considera um enfraquecimento da ética na vida pública e um aumento de discursos de ódio. Os bispos afirmaram que esses discursos não podem ultrapassar o bem comum e representaram uma clara preocupação com a polarização do debate público e a radicalização que vem se intensificando na sociedade brasileira.
Conquistas a serem celebradas
Apesar das críticas, a carta da CNBB também trouxe à tona aspectos positivos. Um deles é o aumento na taxa média de médicos por habitantes, destacando a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi elogiado como um apoio vital à saúde pública no país. “Agradecemos a Deus pelo SUS”, afirmou a CNBB, enfatizando a a necessidade constante de apoio e aprimoramento desse sistema.
Outro ponto positivo destacado foi a realização da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que ocorrerá em Belém, no Pará. Os bispos expressaram orgulho pelo evento e mencionaram que movimentos sociais estão otimistas com discussões sobre a redução da jornada de trabalho e a taxação proporcional à riqueza, reconhecendo a importância do diálogo e da união em momentos de crise climática.
O posicionamento da CNBB sobre o aborto e a luta contra a fome
Em relação ao aborto, a CNBB reafirmou sua posição contrária à legalização no Brasil, mas ressaltou que a defesa da vida envolve também a luta contra a fome, a miséria e a desigualdade. Esta afirmação demonstra uma tentativa de mostrar que o combate à pobreza e à desigualdade social é parte integrante da defesa da vida e da dignidade humana.
A mensagem da CNBB reflete não apenas as preocupações da Igreja Católica com os rumos do país, mas também um chamado à reflexão sobre a necessidade de um maior compromisso com a ética, a justiça social e a sustentabilidade ambiental. Os bispos, ao final, reiteram seu papel de contribuição para a construção de caminhos comuns diante dos desafios enfrentados, desejando um ano novo de esperança e ação conjunta.
Portanto, a CNBB encerra o ano denunciando falhas, mas também reconhecendo avanços e chamando à união para construir um futuro mais justo e humano para todos os brasileiros.


