O monsenhor Maurizio Gronchi, consultor oficial para a Doutrina da Fé no Vaticano, explicou que a recente medida sobre os títulos “Co-Redemptrix” e “Mediatrix” para a Nossa Senhora não representa uma proibição absoluta. Segundo ele, esses títulos podem continuar sendo utilizados na devoção popular, desde que seu significado seja bem compreendido.
Contexto e esclarecimentos sobre os títulos marianos
Gronchi destacou que “não se trata de uma proibição total, mas de uma restrição ao uso em documentos oficiais e na liturgia”. Em entrevista à “EWTN Noticias”, ele reforçou que o uso na devoção popular, com a compreensão adequada de seu sentido, não acarretará repreensão por parte da Igreja.
A nota doctrinal “Mother of the Faithful People”, publicada em 4 de novembro pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, afirma que o uso do título “Co-Redemptrix” é “sempre inadequado”. A publicação também recomenda “prudência especial” no emprego do termo “Mediatrix de Todas as Graças”. A orientação gerou debates entre os católicos, sobretudo entre os fiéis que utilizam esses títulos em suas práticas devocionais.
Histórico e reflexão sobre o uso dos títulos
Gronchi argumenta que a questão é antiga, sendo discutida há quase um século, desde 1926. Segundo ele, diversos pedidos de esclarecimento foram feitos ao longo do tempo, pois esses títulos podem gerar confusão, ao risco de ocultar a centralidade do mistério pascal de salvação, que está em Jesus Cristo.
“Por isso”, afirmou, “é o momento de esclarecer esses títulos. Quando se afirma que foram utilizados anteriormente, deve-se entender que seu uso foi inadequado. Isso não significa que estavam errados, mas que ainda não havia uma definição clara e madura deles.”
Significado teológico e distinção entre participação e origem da graça
O especialista reforçou que o documento pontifício é uma nota doutrinal que “aprofundou, esclareceu e afirmou que esses termos não são apropriados, nem oportunos”. Segundo Gronchi, Maria participa da redenção, colaborando nela, porém de forma distinta de Jesus.
Ao explicar a metáfora da Maria como a lua que reflete a luz do sol, ele afirmou que “Maria dá à luz Jesus, mas quem morre na cruz é Jesus, não Maria. Ela participa com o coração, os sentimentos e toda sua pessoa, em uma participação que o documento chama dispositiva, ou seja, que dispõe os fiéis a receber a graça de Cristo, mas ela não é a fonte da graça nem mediadora de todas elas.”
Orientação para os fiéis em dúvida
Questionado sobre o que dizer aos que se sentem confusos com a nova orientação do Vaticano, Gronchi aconselhou que “não há motivo de confusão. Devem rezar a Maria, especialmente pelo rosário, que contempla os mistérios da vida de Jesus. Assim, a oração à Virgem é feita meditando os mistérios.”
Ele completou: “Essa é a devoção mais simples e popular, que leva ao céu. Os santos já afirmaram isso, e podemos rezar à Maria com serenidade. Podemos também usar a Ladainha de Loreto, que possui títulos muito bonitos. Não há necessidade de acrescentar mais nada.”
Finalizou destacando que “Maria é a mãe do Senhor, de Deus, da Igreja e do povo de fiéis que nos acompanha e guia com ternura e amor grande.”
Esta reportagem foi publicada originalmente pela ACI Prensa, parceiro de notícias em espanhol da CNA. A tradução e adaptação são de CNA.

