Nos últimos anos, um fenômeno cultural tem capturado a atenção e o interesse do público americano: a cultura mórmon. Com a presença em programas de televisão como “Real Housewives of Salt Lake City” e uma série de influenciadores digitais, a comunidade mórmon está emergindo como uma força poderosa nas conversas sociais e na mídia. Heather Gay, uma das estrelas do programa mencionado, descreve este “momento mórmon” como “incontestável e louco”.
A ascensão da cultura mórmon na mídia
Apesar de apenas 2% da população dos EUA se identificar como mórmon, a influência dessa comunidade é maior do que nunca. De competições como “Dancing With The Stars” a debates acalorados sobre influenciadores como Hannah Neeleman, a cultura mórmon está permeando o tecido da sociedade. Isso levanta questões sobre como a religião e as suas representações nas mídias sociais afetam a percepção pública.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons) reconheceu a complexidade dessa representação. Em um comunicado, a igreja afirmou que, embora algumas representações sejam justas, muitas outras recorrem a estereótipos e más interpretações que podem ter consequências reais para os fiéis. Esse dilema ressalta a tensão entre a busca por uma representação autêntica e o apelo sensacionalista que as mídias sociais frequentemente abraçam.
O apelo da estética mórmon
A estética mórmon, que enfatiza a família unida, valores tradicionais e uma certa vida de consumo, se provou atrativa para muitos jovens americanos que se sentem solitários em um mundo cada vez mais conectado, mas isolante. Em um momento em que muitos buscam alternativas ao estilo de vida frenético, os produtos como “dirty sodas” — refrigerantes feitos com xaropes e cremes — estão se tornando uma tendência em todo o país, ganhando popularidade até fora dos estados onde os mórmons são mais numerosos, como Utah.
A bem-sucedida rede de restaurantes de cookies, Crumbl, que tem raízes mórmons, também se beneficiou dessa nova onda cultural ao colaborar com celebridades e expandir sua presença no mercado, refletindo uma crescente aceitação e o desejo de comunidade.
Solidariedade e estrutura social em tempos difíceis
De acordo com especialistas, o apelo da cultura mórmon se intensifica em tempos de incerteza econômica, onde muitos jovens estão enfrentando um mercado de trabalho estagnado e custos de vida elevados. Os encontros em torno de lugares que oferecem um ambiente acolhedor, como as lojas de dirty sodas, podem servir como um ponto de fuga para jovens que buscam conexão e estrutura em suas vidas sociais.
Como Talia Burnside, professora de filosofia e estudos religiosos, observa, “existe uma vontade de abraçar a cultura mórmon de uma maneira que não existia 10 ou 15 anos atrás”. Ela destaca que a necessidade de pertencimento e estrutura em tempos difíceis faz com que muitos sejam atraídos por essa cultura vista como idealizada e positiva.
As celebridades influência e o futuro da cultura mórmon
À medida que avançamos para 2026, as estrelas mórmonas, como Whitney Leavitt e Taylor Frankie Paul, estão cada vez mais na mira das mídias, com participações em programas populares e até mesmo em produções de teatro da Broadway. Isso não apenas caracteriza a aceitação crescente da estética mórmon, mas também indica uma evolução na narrativa em torno da religião, com um enfoque mais positivo e relevante.
O que fica claro é que a “mania mórmon” não é apenas uma curiosidade passageira, mas sim uma reflexão mais abrangente sobre o que significa ser parte de uma comunidade em um mundo em rápida mudança. Como Heather Gay expressou, “é pertencimento, estrutura, conforto”, traduzindo o desejo humano intrínseco por conexão e apoio em um cenário social cada vez mais complexo. À medida que esses temas continuam a ressoar, a influência da cultura mórmon provavelmente só crescerá. Portanto, é válido considerar: o que mais essa fascinante cultura tem a oferecer ao público em busca de um sentido de comunidade e identidade?
