Brasil, 28 de dezembro de 2025
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Ator vive com HIV há 16 anos e transforma experiência em informação

Quando descobriu que vivia com HIV em 2009, o ator e dançarino de Ribeirão Preto (SP), Rafael Bolacha, tinha apenas 25 anos. Naquela época, ele estava no Rio de Janeiro, ensaiando para a primeira parada da Disney no Brasil, e enfrentou a dura realidade de um diagnóstico que muitas vezes ainda traz consigo o estigma e o silêncio. Em sua jornada, Rafael não só lidou com as dificuldades internas, mas também se transformou em um farol de informação e esperança, dialogando abertamente sobre o HIV e contribuindo para a conscientização social.

A descoberta do diagnóstico e os primeiros passos

O diagnóstico de HIV de Rafael veio durante uma fase intensa da carreira. Embora estivesse focado em seu trabalho, ele começou a notar uma diarreia persistente que o preocupou. “Na terceira semana, já tinha emagrecido 5 kg e fui investigar”, contou. Após realizar uma série de exames, o teste de HIV revelou-se positivo. O impacto foi avassalador, mas Rafael encontrou na escrita uma forma de lidar com seus sentimentos, criando um blog sob pseudônimo para registrar suas reflexões e buscar apoio de outras pessoas que passavam por experiências semelhantes.

Com o tempo, o blog se transformou em um livro intitulado “Uma Vida Positiva”, além de dar origem a diversas iniciativas artísticas, como espetáculos de dança e curtas-metragens. “A informação é a cura”, ele afirma, defendendo que a luta contra o preconceito deve ser enfrentada por meio da educação e do compartilhamento de experiências.

Adaptação e superação

Aos poucos, Rafael se reorganizou profissionalmente, abandonando a ideia de que seu diagnóstico significava o fim da carreira artística. O espetáculo “Da Razão do Vermelho”, baseado em seu livro, fez sua estreia no Sesc Ribeirão Preto e já percorreu várias cidades. Esse projeto serve não apenas como arte, mas como uma plataforma de conscientização sobre HIV.

O desafio do tratamento e a pesquisa

Durante os primeiros anos após o diagnóstico, Rafael não utilizou medicação, seguindo apenas acompanhamento médico. Ele se tornou voluntário em uma pesquisa internacional que buscava avaliar a eficácia do tratamento logo após a diagnose. “O tratamento hoje é muito mais simples e eficaz do que era há duas décadas”, explica. Rafael também enfrentou desafios com efeitos colaterais, mas aprendeu a ajustar sua rotina de cuidados com hábitos saudáveis e atenção ao seu corpo.

Impacto na saúde pública e conscientização

Dados da Vigilância Epidemiológica mostram que a região de Ribeirão Preto e Franca tem registrado uma queda contínua na detecção de HIV. O infectologista Cláudio Penido Campos Júnior destaca que a conscientização e o diagnóstico precoce têm um papel fundamental na redução da mortalidade. “Hoje, o tratamento é seguro e a expectativa de vida é a mesma de qualquer outra pessoa saudável”, ressalta.

A importância da informação

Rafael classifica a informação como a principal ferramenta de combate ao preconceito e a desinformação. Ele afirma que é imprescindível falar sobre HIV nas escolas e em casa, especialmente com jovens. “Se não for conversado em casa, é preciso que as escolas assumam esse papel”, comenta. Para ele, a saúde sexual deve ser uma responsabilidade individual, embasada no conhecimento, tratamento e prevenção.

Uma mensagem de esperança

Hoje, após 15 anos de aprendizado e adaptação, Rafael Bolacha continua sua jornada de transformação. Ele não apenas vive com HIV, mas também se torna a voz de muitos que, assim como ele, enfrentam a doença. “Ninguém precisa passar por isso sozinho. Sempre que puder, compartilhe a informação. Isso pode mudar vidas”, finaliza. A trajetória de Rafael inspira muitos a compartilharem suas experiências, mostrando que a luta contra o HIV é real e que a solidariedade e a informação são fundamentais na caminhada pela saúde e pela aceitação social.

O caminho de Rafael é um exemplo claro de que, apesar dos desafios, é possível transformar dor em arte e informação, contribuindo para um mundo onde o conhecimento se sobrepõe ao preconceito.

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