Federica Maifredi é uma leiga fidei donum no arquipélago de Zanzibar, na Tanzânia, onde cerca de cem católicos habitam. Desde abril, ela se dedica ao voluntariado em uma escola de educação infantil e na única paróquia local. Seu objetivo é construir uma escola laica que acolha as crianças da pequena comunidade cristã e fomente o diálogo inter-religioso.
A experiência de Natal em um contexto muçulmano
Em uma conversa, Federica refletiu sobre seu primeiro Natal em Pemba, um evento significativo para a pequena comunidade cristã que, em sua maioria, não é percebido na cultura predominante muçulmana local. “Como comunidade cristã, somos cerca de cem pessoas. Em minha paróquia, montei o presépio junto com outras mulheres. Contudo, fora de nossa casa, nada recorda o clima de festa. Com meu marido, organizamos um almoço simples com outros expatriados. Em tempos como esse, pequenos gestos e a boa amizade se tornam essenciais”, compartilha.
Uma paixão pelo voluntariado
Federica iniciou sua jornada de voluntariado em 2006, com apenas 26 anos, e a cada nova experiência em países como Togo, Brasil e Egito, seu desejo de ajudar se tornava mais forte. Lembrou: “Quando decidi me dedicar ao voluntariado, não sabia exatamente aonde isso me levaria, mas sentia que era o meu chamado.” Seus relatos sobre o Sudão e o Congo foram profundamente tocantes, ressaltando a importância da presença e do suporte em lugares pobres e devastados pela guerra.
Em 2008, durante seu tempo no Sudão, Federica se emocionou ao ver a luta das pessoas por uma vida simples e digna: “O que eu vi naquele país ainda me corta o coração. A população estava sempre em busca de um pouco de paz e esperança. Após essa experiência, entendi que era meu propósito continuar com a missão ad gentes”, declarou.
Os desafios de viver na República Democrática do Congo
Chegando na República Democrática do Congo, Federica observou a resiliência e a fé da população, que mesmo diante das adversidades, se reunia em orações diárias: “Nunca vi tantas pessoas buscando a Deus com tanta fé, mesmo em meio a dor. Para eles, o Evangelho é a única esperança.” A segurança se tornou uma grande preocupação, com relatos de violência e a dificuldade em receber ajuda das forças policiais local.
“Uma situação que vivi me marcou profundamente. Uma gangue assaltou um comerciante do nosso bairro e disparou contra sua esposa, gestante. A impotência da polícia era uma questão recorrente”, compartilhou. Apesar dos desafios, Federica sempre buscou fazer a diferença na vida das crianças e das mulheres que conhecia na região.
Um novo começo em Zanzibar
Após as intensas experiências no Congo, Federica e seu marido Andrea receberam a oportunidade de trabalhar em Zanzibar, onde ainda não havia tantas certezas sobre o que essa nova fase traria. “Aqui em Pemba, a esperança é continuar ajudando. Acredito no poder da educação e da amizade”, diz. Nos últimos meses, ela se integrou à rotina local, frequentando uma creche muçulmana e contribuindo com as atividades da paróquia, numa iniciativa de união e respeito entre religiões.
Educação como pilar de esperança
Federica expressa sua preocupação com o futuro da ilha, especialmente com a possibilidade de crescimento do turismo que poderia alterar a cultura local. “Portanto, a construção de uma escola laica é essencial. Queremos acolher todos os jovens que precisam de educação.” Ela se entusiasma ao ver o brilho nos olhos das crianças e se diz disposta a continuar ajudando a moldar um futuro melhor.
“Em Pemba, a esperança é dar diariamente um passo em direção ao entendimento. Por meio pequenos gestos, podemos desarmar o ódio e construir uma convivência pacífica”, finaliza.
Um testemunho de fé e solidariedade
Federica Maifredi representa um exemplo inspirador de como o voluntariado pode transformar vidas e comunidades. Sua história nos lembra da importância de estender a mão ao próximo e de valorizar os laços que se formam entre diferentes culturas e religiões. Em tempos difíceis, as sementes de amizade e compaixão são o que nos guiariam a um futuro mais esperançoso.
Para saber mais sobre a experiência de Federica e suas ações em Pemba, você pode acessar o link da fonte.


