O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter a prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Ele foi capturado após uma fuga audaciosa para o Paraguai na última sexta-feira e chegou a Brasília no início da tarde de sábado. Na presença de sua defesa, ele passou por uma audiência de custódia e agora cumprirá uma prisão preventiva, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
Detalhes da prisão e fuga
Silvinei Vasques encontra-se atualmente na Superintendência da Polícia Federal, onde se submeteu a um exame de corpo de delito. Ele deve ser transferido para a unidade da Papuda, onde permanece detido o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Essa ala da penitenciária é conhecida por abrigar detentos de grande relevância.
A fuga de Vasques começou na véspera de Natal, quando ele rompeu sua tornozeleira eletrônica e saiu de sua residência em São José, região metropolitana de Florianópolis, em direção ao Paraguai. Ele foi preso no Aeroporto de Assunção, tentando embarcar para El Salvador com documentos paraguaios falsificados. As autoridades paraguaias o repatriaram para o Brasil, onde enfrentou a ação judicial e a custódia determinada pelo STF.
Condenação e envolvimento em gestão golpista
Vasques, que ocupou o cargo de diretor-geral da PRF durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi condenado pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão por sua participação em um plano golpista recentemente descoberto. Esta condenação levantou questionamentos sobre sua atuação à frente da PRF e suas ligações com o cenário político do país.
As investigações da Polícia Federal revelaram que o ex-diretor utilizou uma rede de identidade e um passaporte paraguaios para tentar sair do Brasil. Seu plano envolveu aluguel de veículos e uma fuga planejada que durou ao menos 18 horas. Os investigadores também observaram que a tornozeleira eletrônica do policial deixou de emitir sinal, alertando as autoridades sobre sua ausência apenas na manhã do dia 25 de dezembro.
Implicações políticas e ações ilegais
Além da fuga, as investigações apontam que Silvinei Vasques participou de ações que visavam interferir nas eleições presidenciais de 2022. Ele foi acusado de promover o uso político da PRF para beneficiar a candidatura de Jair Bolsonaro. Essa manobra incluiu blitze intensificadas em rodovias do Nordeste, onde o candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha uma base eleitoral forte.
A Polícia Federal coletou depoimentos de funcionários e provas em grupos de Whatsapp, mostrando a coordenação de ações ilegais planejadas pelo Ministério da Justiça, então sob a supervisão do ministro Anderson Torres. As manobras tinham o objetivo de dificultar a votação de eleitores favoráveis ao candidato opoente e foram estabelecidas com a anuência de Vasques.
O que vem a seguir?
Com sua prisão mantida, Silvinei Vasques enfrenta um cenário jurídico complicado, onde suas ações enquanto diretor da PRF estarão sob intenso escrutínio. O STF e a Polícia Federal continuarão a investigar as ramificações de seu envolvimento em atividades ilegais e sua tentativa de fuga. A sociedade aguarda desdobramentos que possam trazer mais clareza sobre os processos judiciais em curso e suas implicações para o futuro da política brasileira.
Natural de Ivaiporã, Silvinei Vasques teve uma carreira de 27 anos na PRF antes de se aposentar em dezembro de 2022. Sua recente prisão e as acusações contra ele começaram a mudar o discurso público sobre a segurança e integridade das instituições no Brasil.



