O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso ontem no Aeroporto Internacional de Assunção, no Paraguai, enquanto tentava fugir para El Salvador com documentos falsos. Esta tentativa de fuga ocorreu logo após a violação de sua tornozeleira eletrônica e foi parte de um plano elaborado que se revelou desastroso. Além da condenação por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, Vasques agora enfrenta novas complicações legais.
A tentativa de fuga frustrada de Silvinei Vasques
Na noite do dia 24 de dezembro, Silvinei saiu de casa em São José, cidade situada na Região Metropolitana de Florianópolis. De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF), ele havia alugado um carro e, após violar sua tornozeleira eletrônica, seguiu em direção ao Paraguai com um plano bem estruturado. A primeira falha no plano foi a tornozeleira, que deixou de funcionar aparentemente devido à falta de bateria, alertando as autoridades sobre sua fuga.
Um elemento curioso que chamou a atenção dos investigadores foi a maneira como ele foi visto saindo de sua casa. Imagens de segurança mostram o ex-diretor colocando bolsas e um cachorro de raça pitbull no veículo antes de partir. A PF identificou o carro como sendo um Polo alugado, apesar de Silvinei possuir um veículo particular.
Condenação e prisão preventiva
A recente prisão de Vasques foi uma conseqüência de sua condenação, quando foi sentenciado a 24 anos e seis meses de prisão por sua participação em manobras que visavam interferir nas eleições de 2022. Ele fazia parte do “núcleo dois” de operações que, entre outras coisas, buscavam manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder. No dia 25 de dezembro, o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou sua prisão preventiva em razão da fuga.
A prisão no Paraguai e o retorno ao Brasil
Após ter sido localizado pelas autoridades paraguaias, que atuaram em colaboração com a polícia brasileira, Vasques foi preso no aeroporto enquanto tentava embarcar com um falso passaporte. O documento estava em nome de Julio Eduardo Baez Fernandez e apresentava inconsistências em suas informações biométricas. Ele também carregava uma carta em espanhol alegando ter câncer, o que supostamente o impossibilitava de se comunicar verbalmente.
Sob a coordenação die órgão brasileiro, a polícia do Paraguai agiu rapidamente para deter Vasques antes que pudesse deixar o país. Assim que foi identificada a necessidade, os policiais paraguaio acionaram a adidância brasileira, que encaminhou as informações necessárias para a prisão. Apesar da tentativa de fuga, não foi encontrada a tornozeleira eletrônica que Silvinei desativou.
Consequências de um passado polêmico
Vale lembrar que este não é o primeiro contato de Silvinei Vasques com a justiça. Em agosto de 2023, ele já havia sido preso pela Polícia Federal durante uma operação que investigava sua atuação em bloqueios de rodovias durante o segundo turno das eleições de 2022. A medida foi interpretada como uma tentativa de influenciar o resultado eleitoral, dificultando a locomoção de eleitores em áreas onde Lula, principal adversário de Bolsonaro, tinha apoio considerável.
Em dezembro de 2022, após um longo tempo no comando da PRF e após as eleições, Silvinei pediu aposentadoria com salário integral. Teve seu passaporte apreendido pela PF na mesma operação que o prendeu anteriormente. Em agosto de 2024, ele foi solto, mas sob a condição de usar tornozeleira eletrônica e respeitar determinadas restrições.
Análise do momento político
A prisão de Silvinei Vasques não é apenas uma questão legal, mas também simbólica diante do contexto político em que o Brasil se encontra. Suas ações enquanto diretor da PRF levantaram questões sobre a utilização de instituições públicas para interesses políticos. O fato de que ele é um apoiador declarado de Jair Bolsonaro também destaca o aprofundamento das divisões políticas no Brasil e reforça a importância da fiscalização sobre as instituições do Estado.
As repercussões dessa prisão e do desenrolar de sua trajetória judicial ainda são incertas, mas ressaltam a necessidade de um olhar crítico sobre as práticas das autoridades e o controle sobre o aparato estatal destinado à proteção da democracia. À medida que novos desdobramentos surgem, a sociedade brasileira continua atenta às implicações jurídicas e políticas desse caso complexo.


