O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso no Paraguai na madrugada desta sexta-feira (26/12) ao tentar embarcar com um passaporte falso e alegações de problemas de saúde. Vasques, que já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e 6 meses de prisão, tentou deixar o país em um voo da Copa Airlines para El Salvador, comunicando-se com as autoridades com um documento que afirmava sofrer de câncer cerebral.
Descrição da tentativa de fuga
Portando um passaporte falso em nome de um paraguaio chamado Julio Eduardo, Silvinei Vasques apresentou às autoridades paraguaias uma “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias” na qual alegava ter Glioblastoma Multiforme – Grau IV, um tipo agressivo de câncer cerebral que afetaria sua capacidade de fala e audição. O documento solicitava que qualquer comunicação fosse feita por escrito.
“Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave”, declarou Vasques no documento apresentado.
No texto, Vasques alegava que sua viagem para San Salvador tinha como único propósito realizar um tratamento médico que poderia prolongar sua vida. A alegação incluía uma autorização médica para a viagem e a menção ao porte de medicamentos de uso contínuo que ele estaria transportando.
A cronologia da fuga
De acordo com a Polícia Federal, Silvinei deixou sua residência em São José, Santa Catarina, na noite de quarta-feira (24/12), horas antes de sua tornozeleira eletrônica apresentar falhas. Imagens de segurança mostraram que ele saiu do condomínio por volta das 19h22, carregando um carro alugado com diversos itens, incluindo ração e tapetes higiênicos para seu cachorro, uma pitbull.
Em um esforço para despistar as autoridades, ele alugou um carro e deixou seu veículo habitual circulando pelas ruas de Santa Catarina. As forças policiais do Brasil foram alertadas e, com a ajuda das autoridades paraguaias, a prisão de Vasques foi realizada no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção.
A condenação e suas consequências
Silvinei Vasques foi condenado a 24 anos e 6 meses de prisão pelo STF por ter participado do núcleo 2 da trama golpista, que, entre outras ações, teria elaborado a chamada “minuta do golpe” e tentado dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022. A condenação, proferida em 16 de dezembro, ainda não transitou em julgado, pois a defesa tem até a próxima semana para apresentar recursos.
A prisão preventiva foi decretada por Alexandre de Moraes após a tentativa de fuga. As autoridades paraguaias conduzirão Vasques até a região da tríplice fronteira, em Ciudad del Este, onde ele será repassado à Polícia Federal. Em seguida, ele será transferido para Brasília, onde permanecerá detido.
A repercussão do caso
A tentativa de fuga de Silvinei Vasques gerou um grande burburinho nas redes sociais e na imprensa, levantando questionamentos sobre a segurança e a justiça no país, especialmente em relação a figuras públicas que ocupavam cargos de relevância nas últimas administrações. Além disso, a reação da Clã Bolsonaro, a qual ele serviu durante seu mandato, permanece em silêncio até o momento.
O caso reafirma a tensão política e jurídica que permeia o Brasil, e a prisão de Vasques serve como um lembrete das mudanças que o país está enfrentando após as últimas eleições.
Silvinei Vasques agora enfrenta a dura realidade de sua condenação, e muitos aguardam ansiosamente os próximos desdobramentos do seu caso e as ações que serão tomadas por sua defesa.


