No último dia 16 de dezembro, a Câmara de Teresina aprovou uma lei que promete impactar o cenário de inclusão racial no município. A partir de 2026, 20% das vagas em concursos públicos municipais serão reservadas para pessoas pretas, pardas, indígenas e quilombolas. Essa iniciativa é parte do esforço contínuo para aumentar a representatividade desses grupos nas esferas de poder e trabalho público.
Lei de Cotas: uma vitória histórica
A nova legislação foi sancionada pelo prefeito Silvio Mendes (União Brasil) e publicada no Diário Oficial do Município no dia 23 de dezembro. A implementação de cotas para pessoas de grupos raciais e etários marginalizados marca um avanço significativo na luta por igualdade de oportunidades nas esferas públicas. A medida vale não apenas para cargos efetivos, mas também para empregos na administração municipal direta, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e processos seletivos simplificados.
Impacto da medida na sociedade
O movimento negro aplaudiu a aprovação e implementação da lei, creditando-a a anos de luta e reivindicações por justiça social. A reserva de vagas pode ser um passo importante para reduzir a desigualdade racial no estado e ampliar o acesso a oportunidades de emprego, que, historicamente, têm sido limitadas para esses grupos. O aumento da participação de negros e negras nas universidades nos últimos dez anos, resultado da Lei de Cotas nas instituições de ensino superior, é um reflexo positivo dessa política de inclusão e mostra como ações afirmativas podem transformar vidas.
Regras e limitações da nova lei
Embora a nova lei tenha entrado em vigor, há ressalvas. Os concursos e processos seletivos simplificados com editais publicados antes da promulgação não estarão sujeitos à nova regra. Isso significa que a inclusão será mais eficaz em novos editais, possibilitando assim um planejamento mais justo em relação à diversidade nas futuras convocações. O uso de cotas deve ser visto como uma estratégia essencial para corrigir distorções históricas que marginalizaram grupos raciais e étnicos em nossa sociedade.
Desafios à frente
Um aspecto que preocupa os defensores da justiça racial está relacionado às fraudes nas autodeclarações que buscam garantir o acesso às cotas. O movimento negro tem provocado um debate sobre a necessidade de transparência e rigidez nos processos de verificação de identidade racial. A implementação de uma metodologia clara e eficaz para ratificar tais declarações é crucial para preservar a integridade do sistema de cotas e garantir o acesso efetivo de quem realmente se enquadra nos requisitos da lei.
O que vem pela frente?
Com a lei em vigor, observa-se um compromisso por parte da administração municipal de Teresina em atuar para justiça racial nos empregos públicos, um passo significativo para uma sociedade mais inclusiva. Espera-se que outros municípios sigam o exemplo de Teresina e implementem medidas semelhantes, expandindo a inclusão a nível nacional. Assim, a esperança é que esse seja o início de uma nova era em que a equidade e a diversidade sejam efetivamente celebradas e respeitadas em todos os aspectos da vida pública.
Dessa maneira, a nova lei de cotas surge não apenas como uma política pública, mas como um reflexo do desejo de mudança de uma sociedade que busca, cada vez mais, acabar com as desigualdades e construir um futuro com mais oportunidades para todos.


