A juíza Amy Coney Barrett, do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, afirmou que sua fé católica “a fundamenta” e proporciona “perspectiva”, durante entrevista com o bispo Robert Barron. O relato foi feito na tarde de 26 de dezembro de 2025, em Washington, D.C.
A influência dos santos na vida de Barrett
Ao abordar suas figuras espirituais favoritas, Barrett destacou sua ligação com as santas Santa Catarina de Siena e Santa Tereza de Lisieux. “Minha preferida era Tereza de Lisieux. Temos uma filha chamada Tereza”, contou. “Fiquei fascinada, ainda jovem, ao ver como ela se entregou completamente a Deus tão cedo na vida.”
Ela também comentou sobre a “Pequena Via” de Santa Tereza, que considera acessível a muitos. “Estudei francês na faculdade e passei um verão em Lisieux, onde caminhei pelos jardins da casa dos Martin. Essas experiências de fé foram importantes para mim.”
Práticas de oração e desafios espirituais
Barrett compartilhounas suas diferentes formas de oração ao longo da vida. Como professora de direito, ela praticava a “lectio divina”. Hoje, como juíza, ela prefere realizar leitura reflexiva, como o aplicativo “Magnificat.”
Ela também destacou uma dificuldade recente: “Nos últimos anos, tenho lutado para silenciar a mente e orar profundamente. Ouço reflexões que me ajudam a focar, especialmente quando minha mente quer divagar.”
A relação entre fé e suas funções na Corte
Ao discutir sua postura como juíza, Barrett deixou claro que sua fé não influencia as decisões judiciais. “A Constituição distribui autoridade de maneira específica”, afirmou. “Minha autoridade é limitada.”
Ela acredita na “lei natural” e no “bem comum”, enfatizando que “legisladores têm o dever de buscar o bem comum dentro dos limites da Constituição, respeitando a liberdade religiosa.”
Judicialidade e casos sensíveis
Sobre a reversão da decisão Roe x Wade, a juíza afirmou que sua postura não é moldada por fé ou preferência pessoal. “Muitos apoiam o aborto, mas reconhecem que Roe foi uma decisão infundada na Constituição”, disse. “Roe foi uma leitura indevida e arbitrária do texto constitucional.”
Ela explicou que o problema do caso está na interpretação “livre e arbitrária” do termo “liberdade” na Constituição, que não trata especificamente do aborto. “A proteção dos direitos deve seguir o que foi amplamente acordado pelos americanos no momento da criação da Constituição”, afirmou Barrett.
Liberdade de expressão e religião
Barrett destacou que a Primeira Emenda garante a liberdade religiosa e de expressão, protegendo a diversidade de opiniões. “Se tivéssemos uma religião oficial, isso comprometeria a liberdade religiosa de todos”, alertou. “A liberdade religiosa deve ser equilibrada com a liberdade de não seguir uma determinada crença, para que ambas possam coexistir.”
Conselho a jovens católicos
Ao final da entrevista, Barrett aconselhou jovens católicos interessados em atuar na vida pública: “Primeiro, discernir sua vocação. Pergunte-se: ‘O que Deus me chama a fazer?’”
Ela reforçou a importância de estar firme na fé, apesar das pressões: “A fé me mantém centrada e me ajuda a administrar a carreira pública sem perder minha essência, mesmo diante de enormes expectativas.”




