À luz dos últimos acontecimentos políticos, cresce a dúvida sobre as credenciais de Flávio Bolsonaro para ser candidato à Presidência da República. Como alguém que nunca exerceu cargos executivos de grande porte, ele consegue transmitir segurança ao eleitor no que diz respeito a interesses de Estado e visão de país?
O perfil do candidato e suas experiências
O que pode garantir ao eleitor que Flávio Bolsonaro possui atributos essenciais para uma gestão presidencial? Comparado a nomes como Lula, Haddad, Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Zema e Eduardo Leite, que têm ou tiveram experiências concretas na administração pública, o senador se apresenta mais como uma figura de resistência política do que de gestor público.
Incoerências e declarações controversas
Apesar de se colocar como um “bolsonarista moderado”, o termo é considerado por analistas como um oxímoro, dada a forte relação do “bolsonarismo” com uma política de posições extremadas. Além disso, as promessas do senador, como seguir as políticas liberais e fiscais do governo Bolsonaro, levantam questionamentos sobre seu conhecimento real de políticas públicas e sua capacidade de manter coerência ao implementar medidas que impactam o país.
Questões essenciais para o eleitor
Nenhuma candidatura deve se basear em slogans vazios ou promessas sem embasamento. Diante disso, é fundamental que o eleitor questione algumas áreas específicas para entender melhor o que o senador representa de fato. Entre elas:
- O que o senador pretende fazer com o salário mínimo? Aproveitando o debate do segundo turno de 2022, ele prometeu um aumento real de 10% ao ano de 2027. Essa política seria responsável e sustentável?
- Como ele lidaria com os precatórios? O seu posicionamento atual é favorável a quitação ou teria uma postura diferente, considerando os custos extras gerados pelo “precatório ao quadrado” durante o governo Bolsonaro?
- Qual a sua posição sobre a Reforma da Previdência? Continua sendo contra como a família Bolsonaro?
- Quanto aos Correios, pensa em privatizar ou manter o status de empresa estatal? Por que, até hoje, nada foi feito nesse sentido?
O papel da mídia e a transparência na escolha
Segundo o ex-juiz Louis Brandeis, “a luz do sol é o melhor desinfetante”. Portanto, é essencial que a imprensa exerça seu papel de fiscalização, esclarecendo a sociedade sobre quem é o candidato e quais os seus verdadeiros projetos. As perguntas acima representam um primeiro passo para que o eleitor possa separar o discurso da retórica e conhecer melhor o potencial de Flávio Bolsonaro como líder nacional.
O que fica claro é que, para uma candidatura à Presidência, acreditar apenas na narrativa de “seguidor das políticas liberais” ou na popularidade familiar não é suficiente. É preciso entender se há respaldo consistente em trajetória, propostas concretas e coerência ideológica. A transparência e a honestidade na resposta a esses questionamentos serão decisivas na hora do voto.
Mais perguntas, análises e debates ainda virão, mas a responsabilidade de esclarecer quem pretende liderar o país deve ser, antes de tudo, da própria mídia e dos próprios candidatos.
Fonte: O Globo.
