Com o avanço da inteligência artificial, o modo como os brasileiros pesquisam, comparam preços e realizam compras está mudando rapidamente, especialmente neste Natal. Segundo especialistas e empresas do setor, a tecnologia passa a integrar de forma mais direta as experiências de consumo, tornando o processo mais ágil e personalizado.
IA na experiência de compra e presentes
Estudantes como Rodrigo Souza, de 23 anos, já utilizam chatbots alimentados por IA para escolher presentes do amigo-oculto, ao invés de recorrer ao Google ou vitrines virtuais. “O chatbot faz perguntas sobre gostos, características e momento de vida, orientando a recomendação de forma automática”, explica Rodrigo. Essa rotina, que antes exigia buscas manuais, agora é facilitada por assistentes virtuais que entendem o perfil do cliente.
Transformação nos canais de varejo
Este Natal marca o primeiro ano em que o comércio brasileiro levou a IA — anteriormente presente na engenharia de plataformas de e-commerce — diretamente ao contato com o consumidor. Empresas passaram a usar assistentes digitais em aplicativos, sites e até canais de comunicação como o WhatsApp, o mais popular no país, com mais de 170 milhões de usuários, segundo dados da We Are Social.
Varejistas inovam com IA conversacional
A Casas Bahia, por exemplo, estreou na Black Friday o canal “Zap Casas Bah.IA”, onde a tecnologia ajuda na comparação de produtos e preços, além de auxiliar a decisão de compra. Já a Hering lançou um assistente virtual em seu app, capaz de recomendar roupas com base em dados como ocasião, estilo e preço, aumentando a taxa de conversão em até cinco vezes.
Adoção de assistentes virtuais e impacto na experiência
De acordo com o CEO da empresa de chat commerce Omnichat, Maurício Trezub, o ano de 2025 foi marcado por testes e implantação de IA que substituem parcialmente o atendimento humano, oferecendo respostas mais rápidas e personalizadas. Essa tecnologia, que pode conduzir toda a venda, tem demonstrado melhorar o desempenho das lojas no Natal, com aumento na capacidade de atendimento e redução no tempo de resposta ao cliente.
Inteligência artificial na moda e em aplicações específicas
Além dos canais tradicionais, marcas de moda como a Aramis e a própria C&A usam IA para criar provadores virtuais, que permitem experimentar roupas digitalmente por fotos e simulações. A C&A também lançou em novembro o “AI Personal Shopper”, um robô que sugere looks, presentes e combinações, com uma taxa de conversão cinco vezes maior que os métodos convencionais, segundo o diretor digital da marca, Roni Magalhães.
Influência da IA na rotina do consumidor
Pesquisa da Bain & Company, divulgada com exclusividade pelo jornal, revela que mais da metade dos brasileiros prefeririam migrar suas compras para assistentes virtuais. O estudo aponta uma mudança no comportamento de consumo: ao invés de buscas tradicionais, as pessoas querem comprar conversando, além de reduzir esforço cognitivo e aumentar a confiança nas compras online.
Na prática, esse movimento é impulsionado por plataformas que utilizam múltiplos agentes de IA para entender o contexto do cliente, fazer perguntas e oferecer sugestões personalizadas. O vice-presidente de Plataformas Digitais do Magalu, André Fatala, afirma que a adesão ao WhatsApp, especialmente entre consumidores com mais de 50 anos, reforça a estratégia de integrar a inteligência artificial aos canais mais usados no Brasil.
Perspectivas para o futuro do varejo com IA
Segundo analistas, a presença da IA no comércio brasileiro deve se intensificar, ampliando a diversidade de aplicações, desde assistentes de compra até robôs de atendimento. Empresas de chat commerce, como a Omnichat, já relatam aumento considerável na eficiência das vendas durante o Natal, com atendimento mais ágil e maior satisfação do cliente.
O avanço da tecnologia também traz novos desafios; especialistas alertam para riscos relacionados à segurança e privacidade, principalmente em produtos e brinquedos com IA, cujos riscos digitais para crianças vêm sendo cada vez mais discutidos, conforme matéria da Globo.
Considerações finais
A tendência aponta para uma integração cada vez maior entre consumidores e assistentes virtuais, que devem deixar de ser apenas ferramentas de apoio para se tornarem os principais canais de venda e relacionamento no comércio digital. A época natalina, marcada por compras de última hora, reforça a importância dessa transformação, que deve se consolidar em próximos anos, colocando o Brasil na vanguarda da inovação em IA no varejo.
Fonte: O Globo


