Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Banco Central (BC) manifestaram incômodo com a decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, de agendar uma acareação na próxima semana no inquérito que investiga irregularidades no Banco Master. A medida, tomada de ofício, ocorreu mesmo sem solicitação oficial das autoridades responsáveis pela apuração.
Impressões sobre a acareação no inquérito do Banco Master
A acareação, prevista para ocorrer na terça-feira (2), será um confronto entre o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos. O procedimento é incomum na fase inicial de investigações, especialmente sem provocação dos órgãos responsáveis, segundo fontes próximas ao caso.
Contexto e motivos da acareação
Vorcaro tenta vender o banco ao BRB, operação vetada pelo BC em setembro, diante de suspeitas de operações fraudulentas ligadas ao Banco Master. Voltar a depor é uma tentativa de esclarecer versões concorrentes, uma vez que Vorcaro foi preso dois meses após a operação de venda frustrada, e, posteriormente, libertado sob condições. O STF assumiu o inquérito em dezembro passado, após a Polícia Federal revelar uma negociação imobiliária envolvendo Vorcaro e um deputado federal.
Reações e posições institucionais
A reação das instituições não tardou. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição está à disposição do Supremo e que tem fornecido todos os dados necessários às investigações, incluindo reuniões, trocas de mensagens e documentos. Segundo Galípolo, a cooperação entre BC, MP e PF tem sido contínua e transparente.
Por outro lado, a decisão de Toffoli foi duramente criticada por juristas, que consideram a acareação uma medida incomum e potencialmente constrangedora. A negativa do ministro a um pedido da PGR para cancelar a acareação foi apresentada na noite de quarta-feira, alimentando questionamentos sobre o procedimento adotado pelo STF neste momento inicial do inquérito.
Investigações em andamento
A apuração aponta para um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito sem lastro, conhecidas como “títulos podres”, com prejuízos estimados em até R$ 12,2 bilhões. Um dos casos revelou que o Banco Master vendeu a uma instituição pública uma carteira de crédito de R$ 303 milhões, vinculada a uma empresa apontada como laranja do esquema fraudulento.
Especialistas avaliam que, embora o inquérito esteja em fase inicial, o andamento das investigações deve ser mais aprofundado antes de medidas como a acareação, que podem gerar constrangimento e prejudicar o andamento do processo.
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