Brasil, 24 de dezembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Supremo Tribunal dos EUA rejeita pedido de Trump para uso da Guarda Nacional em Chicago

Na última terça-feira, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos rejeitou a solicitação do presidente Donald Trump para permitir o emprego da Guarda Nacional em Chicago com o intuito de proteger agentes da Imigração e Controle de Fronteiras (ICE). Esta decisão marca uma perda significativa e rara para a administração, especialmente na pauta emergencial de um tribunal tradicionalmente conservador.

A decisão do tribunal

O tribunal, em sua ordem não assinada, afirmou que “neste estágio preliminar, o governo não conseguiu identificar uma fonte de autoridade que permitisse ao exército executar as leis em Illinois”. A decisão foi proferida apesar das discordâncias de alguns juízes conservadores, incluindo Samuel Alito, Clarence Thomas e Neil Gorsuch, e representa um retrocesso considerável que pode comprometer a possibilidade de deploys da Guarda Nacional em outras cidades.

Uma porta-voz da Casa Branca se manifestou nesta terça-feira, afirmando que a decisão não deterá os esforços de Trump em fazer cumprir as leis de imigração, proteger o pessoal federal e “safeguardar o público americano”. Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca, argumentou que a ativação da Guarda Nacional era necessária para proteger oficiais de cumprimento da lei federal e garantir a integridade de edifícios e propriedades federais.

Implicações legais e reações

A análise do advogado Steve Vladeck, analista do CNN e professor da Georgetown University Law Center, destaca que esta decisão constitui uma “repudiacão significativa” dos esforços de Trump, especialmente no que tange à utilização de tropas federais para reforçar a aplicação das leis de imigração em jurisdições sob governo democrata. Ele afirmou que “é difícil ver como a administração pode continuar utilizando essa obscurecida autoridade de 1908 para tentar enviar tropas da Guarda Nacional federalizada”. Segundo Vladeck, esta foi “de longe a derrota mais significativa que o Supremo Tribunal entregou a Trump neste ano.”

O tribunal argumentou que a terminologia “forces regulares” deve se referir ao exército em exercício. Além disso, o tribunal indicou que a capacidade de federalizar a Guarda Nacional sob a legislação que Trump tentou invocar “provavelmente se aplica apenas onde as forças armadas possam legalmente executar as leis”, ou seja, não se aplica à proteção de agentes que aplicam leis de imigração.

Possíveis saídas para Trump

Após a decisão, fica a Trump poucas opções para continuar o envio de soldados às cidades. Contudo, ainda existe a possibilidade de que o presidente invoque a Lei de Insurreição para mobilizar forças regulares em Chicago e em outras cidades. No entanto, essa seria uma ação politicamente carregada, pois desafia a proibição de longa data sobre o uso militar para a aplicação da lei.

O juiz Brett Kavanaugh, um conservador que apoiou a decisão do tribunal, indicou que teria adotado uma posição mais restritiva. Ele concordou que “forces regulares” se referem ao exército dos EUA e observou que a interpretação do tribunal poderia ter “implicações potencialmente significativas para crises futuras que não podemos prever neste momento.” Kavanaugh levantou a preocupação sobre a possibilidade de um cenário em que uma multidão ameaçasse um edifício federal, questionando se o presidente estaria impedido de federalizar a Guarda Nacional para lidar com a situação.

Respostas variadas

Kwame Raoul, procurador-geral de Illinois, celebrou a decisão, enfatizando a divisão de responsabilidades sobre a milícia do país (hoje a Guarda Nacional dos EUA) entre o governo federal e os estados, e expressou alívio por as ruas de Illinois permanecerem livres de membros armados da Guarda Nacional enquanto as questões litigiosas continuam nos tribunais.

Alito, apoiado por Thomas, expressou “forte” desacordo com a forma como o tribunal lidou com o caso, argumentando que “a autoridade constitucional inerente do presidente para proteger oficiais e propriedades federais não é suficiente para justificar o uso de membros da Guarda Nacional na área relevante”. Ele expressou sérias dúvidas sobre a correção das visões da corte.

O anúncio do tribunal surgiu em um contexto de tensões que já começaram a diminuir em um centro do ICE a oeste de Chicago, onde a administração observou que “o aumento da coordenação” com a polícia local havia reduzido a necessidade de envolvimento de oficiais federais com os manifestantes.

Embora a situação em Chicago tenha se acalmado, o caso continua a ser um teste importante do poder do presidente de mobilizar e desplugar a Guarda Nacional em cidades americanas, permanecendo um tema de intenso debate político e legal à medida que o país avança.

A decisão foi formalizada em um momento em que o presidente estava buscando enviar membros da Guarda a várias cidades, incluindo Portland, Memphis e Los Angeles, desafiando a forma tradicional de gestão da segurança e a relação entre as forças armadas e as autoridades civis nos Estados Unidos.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes