A apresentação dos resultados financeiros do Flamengo em 2025, realizada nesta terça-feira, 23 de dezembro, veio acompanhada de uma polêmica inesperada. O presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, fez uma ofensa pessoal à jornalista Renata Mendonça, do Grupo Globo, durante o evento. A situação provocou uma onda de indignação nas redes sociais e entre profissionais da imprensa, destacando a importância da defesa do respeito no ambiente jornalístico.
Contexto da ofensa
O descontentamento de Bap com a cobertura da jornalista remonta a uma matéria publicada por Renata em outubro, onde ela apontava o desvio de recursos dentro da diretoria do Flamengo. Apesar do clube possuir um orçamento bilionário, os investimentos na equipe feminina foram considerados irrisórios. A reportagem também expôs problemas estruturais no centro de treinamento (CT) do futebol feminino, contrastando diretamente com a moderna infraestrutura destinada ao futebol masculino.
Em um momento de crítica, Bap se referiu à Renata como a “nariguda da Globo”, sugerindo que sua oposição ao clube se baseava na suposta falta de apoio da emissora para melhores investimentos no futebol feminino. As palavras do dirigente foram: “Filha, convence a sua empresa a colocar R$ 20 milhões por ano em direito de transmissão que a coisa fica melhor.” Essa declaração não só desrespeitou a profissional, mas também desviou o foco dos resultados financeiros positivos do Flamengo, que alcançou o recorde histórico de R$ 2,1 bilhões em faturamento.
A resposta da mídia e do público
A reação à ofensa foi imediata. A Globo, através do grupo GE, emitiu uma nota repudiando as declarações de Bap, afirmando: “A Globo repudia o ataque gratuito e misógino do dirigente do Flamengo a uma de suas profissionais.” A nota ressaltou o compromisso da emissora com o respeito às opiniões críticas, desde que não ofendam ou insultem.
Além disso, as redes sociais foram inundadas por manifestações de apoio à jornalista, reconhecida por seu trabalho defensor do futebol feminino. A pressão pública fez com que muitos jornalistas tomassem a palavra para condenar a atitude de Bap e reforçar a importância de uma postura respeitosa em relação às profissionais da informação.
Repercussão entre jornalistas
Um dos jornalistas que se manifestou sobre o tema foi Paulo Vinicius Coelho, o PVC, que criticou a escolha de palavras de Bap. Ele enfatizou a necessidade de reconhecer o nome e o trabalho dos profissionais da imprensa: “Todo profissional tem nome e sobrenome, a não ser quando, em alguns casos, um apelido ou a soma de letras parece mais forte.” Com isso, PVC se posicionou a favor do respeito no trato com jornalistas, destacando Renata Mendonça como uma profissional que merece ser chamada pelo seu nome.
Esse caso não só expôs a fragilidade da relação entre clubes de futebol e a imprensa, como também falou sobre um aspecto crucial na sociedade atual: o respeito e a equidade entre gêneros. A trajetória do futebol feminino, que ainda luta por reconhecimento e investimento, ganha nova dimensão quando figuras públicas proferem discursos que desrespeitam suas representantes.
Um chamado à reflexão
A ofensa proferida por Bap deve servir como um alerta sobre a necessidade de um debate mais respeitoso e construtivo no universo esportivo. Em um momento em que o futebol feminino busca ser mais valorizado, é fundamental que as lideranças dos clubes compreendam a importância de apoiar a cobertura jornalística crítica, ao invés de atacá-la. O futebol é um espaço de paixão e competitividade, mas, acima de tudo, deve ser um campo de respeito mútuo, tanto entre os clubes como entre os profissionais que narram essa história.
A indignação gerada pela situação de Renata Mendonça ecoa não apenas no mundo esportivo, mas também em todas as áreas que demandam respeito pelas pessoas que fazem parte do meio. Aqui, a solidariedade é essencial, e o reforço das vozes femininas é um passo fundamental para a construção de um ambiente mais saudável e igualitário.


