O documentário piauiense “Boi Romeiro” conquistou seu espaço no 9º Festival Internacional de Cinema de Folclore, que ocorrerá entre 15 e 20 de janeiro de 2026, em Kerala, Índia. Este curta-metragem de 20 minutos já atravessou fronteiras, tendo sido exibido em festivais na França e na Espanha, e recentemente conquistou o prêmio de “melhor não-ficção” em um festival na Romênia.
Uma jornada de fé e cultura
O documentário ilustra a viagem do Boi Mimo de Santa Cruz, que perpetua a tradição do bumba meu boi na Zona Sul de Teresina, até Santa Cruz dos Milagres. Organizada por Mestre Juninho, esta jornada tem um significado especial: cumprindo a promessa deixada por seu pai, ele leva o boi ao santuário da cidade, a terceira maior romaria do Nordeste.
A cineasta Milena Rocha, responsável pela direção do filme, compartilhou em entrevista que sua inspiração para produzir “Boi Romeiro” veio após conhecer o grupo do bumba meu boi e sua intenção de realizar a romaria. “Entrei em contato com o grupo, acompanhei os ensaios e percebi a importância desse ato: não era apenas uma celebração, mas um registro de uma tradição viva”, relatou Milena.
A importância da continuidade cultural
Milena Rocha destacou que o grupo Boi Mimo de Santa Cruz é composto por crianças, adolescentes, idosos e membros da comunidade Redenção, sendo ativo há mais de 20 anos. O fundador, Mestre Índio, um ícone do bumba meu boi, havia sonhado em realizar essa romaria, mas faleceu antes de ver sua promessa se concretizar. Agora, essa missão é liderada por sua viúva, Dona Marcilene, e seu filho, Mestre Juninho, que decidiram honrar o legado do Mestre Índio em 2023.
Segundo a cineasta, o filme retrata a continuidade da cultura: “O Mestre Índio representa o ancestral, o Mestre Juninho é a figura contemporânea, e Kaylan, seu neto, é a nova geração, simbolizando a passagem de tradição entre as idades”, explicou.
Reconhecimento internacional
A estreia de “Boi Romeiro” ocorreu em 16 de agosto de 2025, durante a reabertura do Museu da Imagem e do Som (MIS) em Teresina, e também foi exibido para os moradores do bairro onde o grupo se reúne. O documentário aborda temas como memória, luto, fé e devoção, que são recitados nas tradicionais toadas cantadas pelos integrantes do grupo.
O filme é acessível a um público mais amplo, contando com traduções em inglês e espanhol, legendas, audiodescrição e tradução em Libras, aumentando assim sua capacidade de impactar e engajar diversas audiências.
No mês de setembro, o documentário arrecadou o prêmio na categoria “não ficção” do festival romeno Short to the Point. Agora, a obra levará a bandeira do Piauí no Festival Internacional de Cinema de Folclore, abrindo a temporada de eventos de cinema em 2026.
Milena enfatiza que a jornada do filme está longe de acabar: “Os filmes viajam mais que os realizadores. Continuaremos distribuindo nossa obra para festivais, mapeando aqueles que aceitam curtas entre 20 e 25 minutos. Estamos aguardando respostas de outros eventos no Brasil e na América Latina”, concluiu.
O sucesso de “Boi Romeiro” não apenas enriquece o panorama cinematográfico do Piauí, mas também reafirma a importância da preservação das tradições culturais brasileiras em uma era globalização.
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