Nos últimos tempos, o mundo da música tem passado por transformações significativas, e um dos fenômenos mais intrigantes é o crescimento da música cristã e gospel. De acordo com o Relatório Intermediário de 2025 da Luminate, enquanto os streams de novas músicas – lançadas nos últimos 18 meses – diminuíram em relação ao ano anterior, esse gênero específico está em ascensão.
A nova era da música cristã
Jaime Marconette, vice-presidente de insights musicais da Luminate, destaca que o crescimento da música cristã é impulsionado por artistas como Forrest Frank e Brandon Lake, que têm se conectado com um público mais jovem e predominantemente feminino. Recentemente, duas músicas de artistas de música cristã contemporânea, “Your Way’s Better” de Frank e “Hard Fought Hallelujah” de Lake com Jelly Roll, conseguiram entrar no Top 40 da Billboard Hot 100, competindo diretamente com artistas mainstream.
Esse crescente reconhecimento da música cristã se reflete não apenas nas paradas de sucesso, mas também nas indicações para categorias de música cristã por artistas tradicionalmente seculares, como Jelly Roll, Killer Mike e T.I., na próxima edição do Grammy de 2026, evidenciando a intersecção dos gêneros.
A evolução do som da música cristã
Holly Zabka, presidente da Provident Entertainment, subsidiária da Sony voltada à música cristã, afirma que o gênero é definido mais por seus componentes líricos do que sonoros. Ela busca artistas que não estejam limitados a uma definição estreita da música cristã, mas que possam incluir rap, hip-hop, rock e country, atingindo assim uma audiência mais ampla.
Por muitos anos, a música cristã contemporânea (CCM) foi vista como uma imitação do que já era popular, mas Zabka argumenta que houve uma melhoria significativa na qualidade. Com o advento das plataformas de streaming, a música cristã não pode mais se dar ao luxo de ser uma versão “barata” de sucessos populares. “Queremos ser a melhor forma de arte”, afirma.
O que está por trás da conexão atual da música cristã
Segundo Zabka, a música cristã está passando por um momento especial com o aumento da conexão por meio das redes sociais, o que permite que o CCM concorra com a música secular. Ela também menciona a resurgência da fé entre os jovens como um fator importante para o aumento do interesse por este gênero específico.
Embora o número de americanos que se identificam como cristãos tenha diminuído ao longo dos anos, pesquisas recentes mostram sinais de desaceleração desse declínio. Uma nova classe de influenciadores cristãos da geração millennial e Gen Z está buscando se conectar com o público jovem.
Lauren Daigle, artista renomada do gênero, enfatiza que a música cristã oferece força e esperança de formas que outras músicas podem não fornecer. “Acredito que muitas pessoas estão olhando para o mundo e encontram fortaleza nessa música, verdade no que é apresentado”, diz.
Dando passos em direção ao crossover
Brandon Lake, indicado a três Grammys em 2026, acredita que a razão para o crescente interesse na música cristã é simples: as músicas cumprem sua função. “Elas são feitas para conectar as pessoas com o espírito de Deus”, afirma. Ele espera que isso marque o início de um movimento onde artistas cristãos sejam mais bem-vindos em outros gêneros e espaços mainstream.
Esse fenômeno também reflete uma mudança de percepção: Jelly Roll observa que as pessoas estão sendo apresentadas ao evangelho de uma forma mais acessível e menos condenatória. “Estou feliz em ver a mensagem do evangelho sendo apresentada novamente, de uma maneira que não impõe medo. É sobre conexão real”, diz ele.
A 68ª edição do Grammy acontecerá no dia 1º de fevereiro de 2026, na Crypto.com Arena em Los Angeles. Em meio à mudança no cenário da música, a ascensão do gênero cristão é um indicativo de que a música tem a capacidade de transcender barreiras e conectar pessoas de maneira significativa.
