A Comissão Europeia decidiu retirar o financiamento da Federação das Associações Católicas de Família na Europa (FAFCE), organização fundada em 1997 para promover a família baseada no casamento entre homem e mulher, diante de instituições europeias. A decisão ocorre em um momento em que a União Europeia tem apoiado iniciativas proabortistas e que promovem o reconhecimento de uniões homossexuais, contrariando a posição da federação.
Fim de apoio financeiro e contexto político na UE
Mesmo com o apoio a ações que incentivam o que a UE chama de “tourismo do aborto” e a imposição de reconhecimento de uniões homossexuais em todos os países membros, os fundos destinados à FAFCE foram congelados no final de novembro, sem explicações formais. Diversos projetos, incluindo ações de proteção a menores e segurança digital, tiveram seus recursos bloqueados, apesar de serem prioridades reconhecidas pela própria União.
Segundo Vincenzo Bassi, presidente da FAFCE, a rejeição se fundamenta em supostas falhas relacionadas à abordagem da federação em temas de gênero e igualdade, critérios defendidos pela própria União Europeia. Em entrevista à ACI Prensa, parceiro de notícias da CNA em espanhol, Bassi afirmou que a organização enfrenta discriminação sistemática, uma vez que “a experiência familiar não é compatível com os valores da União Europeia.”
Discriminação ideológica e atentado à soberania nacional
Bassi destacou que a decisão da UE não seria resultado de questões técnicas, mas de um preconceito ideológico, por não reconhecer a família como ator social relevante. Ele alerta para o que chama de um processo de imposição ideológica, que busca transformar decisões políticas em imposições legais, prejudicando a soberania dos países. Através de resoluções chamadas de “soft law” – não vinculantes, mas que criam consenso legal – a União estaria invadindo competências exclusivas dos Estados em temas relacionados à família e ao aborto, como previsto nos tratados internacionais.
Segundo Bassi, essa mudança representa uma ruptura com o espírito original da fundação da UE, que idealizava uma integração baseada na coesão social e no fortalecimento das famílias. Para ele, o modelo atual, dominado por uma burocracia que prefere ensinar como fazer pasta à beira do fogão a nutrir o verdadeiro papel social da família, é prejudicial ao projeto europeu.
Perspectivas de resistência e o futuro da família na Europa
Apesar da crise financeira e do risco de encerramento das atividades devido à perda de recursos, Bassi mostrou otimismo. Ele acredita que o envelhecimento populacional da Europa e as contradições internas criam um ambiente propício para um debate sério sobre o papel da família. Seu objetivo maior é não confrontar a UE, mas propor uma alternativa genuinamente representativa das raízes e vocação do continente.
Para ele, a luta por uma perspectiva que valorize a tradição familiar deve emergir do próprio povo europeu, resgatando os valores que sustentaram a União antes de sua transformação em um espaço de imposições ideológicas.
Esta reportagem foi publicada originalmente pela ACI Prensa, parceira de notícias da CNA, e adaptada para português.



