No último dia 21, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favoravelmente ao pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, permitindo que ele seja internado no dia 24 de dezembro para a realização de uma cirurgia de retirada de uma hérnia inguinal bilateral. A operação está agendada para o dia seguinte, 25 de dezembro.
Autorização da cirurgia e presença da família
A autorização para o procedimento cirúrgico foi concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, após uma perícia realizada pela Polícia Federal que identificou a necessidade da intervenção médica. A PGR, em comunicado, não se opôs aos pedidos da defesa para que Bolsonaro fosse acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pelos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro durante o processo.
“A Procuradoria-Geral da República não se opõe aos pedidos de condução do apenado Jair Messias Bolsonaro ao Hospital DF Star em 24.12.2025 para a realização de exames preparatórios para posterior cirurgia em 25.12.2025. Não se opõe, igualmente, à presença dos acompanhantes nomeados pela defesa”, declarou o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Contexto da cirurgia e recomendações médicas
A perícia da PF chegou à conclusão de que é essencial que o ex-presidente passe pela cirurgia “o mais breve possível”, embora tenha indicado que o procedimento deve ser realizado “em caráter eletivo”. Portanto, Moraes determinou que os advogados sugerissem uma data para a realização da operação.
Os especialistas que avaliaram Bolsonaro também relataram que o ex-presidente apresenta uma lesão em um nervo decorrente de uma cirurgia anterior, o que está provocando soluços frequentes. Para aliviar essa condição, é necessário reparar a área afetada.
A hérnia inguinal, que será tratada na cirurgia, ocorre quando uma parte do intestino ou tecido abdominal se projeta por um ponto fraco na parede muscular da virilha, resultando em uma protuberância notável. Essa condição pode causar dor e desconforto, além de outras complicações se não tratada adequadamente.
Condições de saúde e detenção
O ministro Alexandre de Moraes destacou que Bolsonaro “mantém plenas condições de tratamento de saúde na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal”, onde cumpre pena de 27 anos e três meses, imposta pelo STF devido à tentativa de golpe de Estado. Moraes ressaltou que o ex-presidente está detido em uma localização próxima ao hospital particular onde ele receberá atendimento, o que torna seu deslocamento para emergências viável.
“O réu está custodiado em local de absoluta proximidade com o hospital particular, onde realiza atendimentos emergenciais de saúde, mais próximo, inclusive, do que seu endereço residencial, de modo que não há qualquer prejuízo em caso de eventual necessidade de deslocamento de emergência”, escreveu o ministro.
Histórico de descumprimento e tentativas de fuga
Embora tenha recebido autorização para a cirurgia, Moraes também destacou que Bolsonaro praticou “reiterados descumprimentos das medidas cautelares”, que resultaram em sua prisão domiciliar em agosto, além de “atos concretos visando a fuga”, o que motivou sua prisão preventiva no mês passado. Entre esses atos, está a tentativa de romper a tornozeleira eletrônica, uma confissão do próprio ex-presidente.
“O laudo pericial indica que Jair Messias Bolsonaro incorreu em tentativa de violação da tornozeleira, causando extensos danos ao equipamento, com aplicação de solda, evidenciando a violação do equipamento com sua abertura, para a efetivação de sua fuga”, ressaltou Moraes em seus comentários sobre a conduta do ex-presidente.
Com a cirurgia agendada para o dia de Natal, Jair Bolsonaro se prepara para um importante procedimento de saúde enquanto enfrenta um complicado panorama legal e político em seu país.



