No último dia 19, Gabriel de Sá Campos, de 30 anos, foi preso temporariamente no Distrito Federal, acusado de abuso sexual contra adolescentes. A controvérsia em torno do caso ganhou destaque não apenas pela gravidade das acusações, mas também pelas declarações de sua família que minimizaram os crimes, caracterizando-os como “brincadeira” e “atos involuntários”. O caso levanta discussões não apenas sobre a responsabilidade legal, mas também sobre a proteção e acolhimento das vítimas envolvidas.
O contexto do abuso sexual na igreja
Gabriel era um líder na Igreja Batista Filadélfia do Guará, onde seus pais ocupam posições de destaque como pastores e presidentes. As investigações da Polícia Civil, iniciadas em novembro, revelaram que ele teria cometido os abusos entre 2019 e 2024, envolvendo pelo menos quatro adolescentes, todos com idades entre 10 e 17 anos. Esse relato ainda pode se ampliar, visto que mais oito possíveis vítimas estão em processo de identificação e convocação para depor.
A abordagem da família de Gabriel também chamou atenção. O pai do acusado descreveu o crime como uma “brincadeira”, enquanto sua mãe, segundo relatos, confrontou as vítimas sem a presença de responsáveis legais, acusando-as de “falso testemunho”. Essas atitudes levantam questões sobre como o ambiente religioso e familiar pode, em algumas situações, silenciar vozes que clamam por justiça e proteção.
Minimização de crimes e pacto de sigilo
O caso se complica ainda mais quando um diácono da igreja defendeu Gabriel, referindo-se aos crimes como “mal-entendidos”. Ele pediu um “pacto de sigilo”, afirmando que “problemas da igreja se resolvem na igreja, não na polícia”. Essa declaração expõe uma realidade alarmante: a proteção de figuras religiosas em detrimento da justiça e da segurança das vítimas.
A postura da igreja e de familiares pode ser interpretada como uma tentativa de ocultar a gravidade das acusações, o que contrasta com a posição da Polícia Civil. Recentemente, a corporação afirmou que já apreendeu dispositivos eletrônicos do acusado que serão analisados para detectar mais evidências dos crimes, além de ter realizado mandados de busca e apreensão em sua residência.
Investigação e repercussão
A Polícia Civil destacou que Gabriel utilizava sua posição de liderança religiosa para se aproximar das vítimas, oferecendo cursos sobre sexualidade. Através dessas interações, ele obtinha informações íntimas e explorava vulnerabilidades emocionais, particularmente em jovens que passavam por dificuldades familiares. Este padrão de comportamento indica um modus operandi calculado e premeditado para cometer os abusos.
O caso de Gabriel de Sá Campos não é isolado e levanta discussões sobre a necessidade de mais proteção e suporte às vítimas de abusos sexuais, especialmente dentro de instituições que deveriam ser espaços seguros. A sociedade deve estar atenta e disposta a ouvir as narrativas das vítimas, sem minimizar ou desacreditar suas experiências.
A importância da denúncia
Estabelecer um ambiente seguro para que vítimas de abuso possam se manifestar é um dos passos cruciais na luta contra a violência sexual. A denúncia é um ato de coragem, e a sociedade deve estar pronta para acolher, apoiar e proteger aqueles que sofrem em silêncio. A polícia e instituições de acolhimento devem estar preparadas para agir com profissionalismo e empatia ao lidar com esses casos.
Em suma, o caso de Gabriel de Sá Campos é um exemplo do que pode acontecer quando a verdade é negligenciada e a proteção das vítimas não é priorizada. A sociedade tem a obrigação de garantir que esses crimes não sejam silenciados e que as vítimas recebam a justiça que merecem.
Para mais informações sobre como identificar e denunciar casos de abusos contra crianças e adolescentes, acesse os canais apropriados e busque ajuda. Não permita que o medo ou a vergonha impeçam a busca pela verdade e pela justiça.



