No mundo religioso, o crescimento acelerado da inteligência artificial tem gerado preocupações entre líderes cristãos de diferentes tradições, incluindo católicos, evangélicos e batistas. Neste ano, esses líderes vêm destacando os perigos que a tecnologia pode representar para a moral, as relações humanas, o trabalho e a própria igreja.
Temor de impactos na família e na moral
Embora os cristãos não formem um grupo homogêneo, muitos manifestaram cautela em discursos, cartas e conversas privadas com políticos. “O que importa mais: ganhar o mundo ou preservar a alma?”, questiona John Litzler, advogado e responsável por políticas públicas na Baptist General Convention of Texas. “Não somos contra o crescimento, mas sim preocupados com a salvação da nossa sociedade.”
Abordagem da Igreja Católica sobre a IA
Na sequência, o Papa Leo XIV, que assumiu seu nome em referência a uma revolução tecnológica, afirmou que a IA pode tanto ajudar na disseminação do Evangelho quanto manipular crianças ou promover ideias antihumanas. Em maio, ele destacou a importância de o Vaticano discutir o tema, alertando para os riscos de uso indevido da tecnologia.
Um grupo de bispos americanos enviou uma carta ao Congresso dos EUA, propondo medidas de regulação e reflexão ética sobre a inteligência artificial. “A Igreja deve falar sobre o uso responsável dessas inovações”, afirma Michael Toscano, diretor da iniciativa Family First Technology, vinculada ao Instituto para Estudos Familiares.
Preocupações específicas com crianças e famílias
Christian leaders têm destacado que o impacto da IA no âmbito familiar é uma das principais preocupações. Pastor Michael Grayston, de Austin, por exemplo, discute os riscos de adolescentes substituírem amigos por companheiros virtuais de IA, o que pode levar ao isolamento social. “Se nossas crianças se refugiam na IA, corremos o risco de perder vínculos essenciais”, alertou em entrevista à TIME.
Controvérsias e críticas ao uso de linguagem religiosa na tecnologia
Alguns líderes criticam também o uso de símbolos religiosos por executivos de tecnologia. Peter Thiel, por exemplo, citou o antipai em suas palestras, enquanto Marc Andreessen publicou memes no X (antigo Twitter) que zombam de figuras papais, refletindo o embate entre o avanço tecnológico e o valor religioso.
Perspectivas futuras
À medida que o debate se intensifica, os cristãos continuam a defender uma reflexão ética profunda, buscando influenciar políticas públicas e conscientizar seus fiéis sobre os riscos de uma inteligência artificial sem limites. O desafio será equilibrar inovação tecnológica e preservação dos valores humanos e espirituais.



