Recentemente, a discussão sobre a flexibilização das operações de voo no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ganhou novos contornos. Em um cenário em que as operações dos aeroportos cariocas estão interligadas, especialistas levantam preocupações sobre as consequências desta mudança, principalmente para o Aeroporto Internacional do Galeão, conhecido por sua infraestrutura robusta e capacidade de atender a um número crescente de passageiros.
Impactos da flexibilização no Santos Dumont
A proposta de aumentar o número de voos no Santos Dumont, que atualmente já apresenta um fluxo considerável de passageiros, tem gerado debates acalorados entre os principais envolvidos na aviação carioca. Delmo Pinho, engenheiro da Fecomércio, foi enfático ao afirmar que a flexibilização penaliza o Galeão, que, segundo ele, é o “melhor aeroporto do Brasil”. Pinho destacou a simbiose entre os dois aeroportos, onde o aumento das operações em um lado pode significar a diminuição das atividades em outro.
“Quando sobra para um lado, falta para o outro, e é isso que vai acontecer [em caso de flexibilização]”, disse Pinho, enfatizando a necessidade de uma análise criteriosa sobre as operações conjuntas dos dois terminais. O Galeão, com suas pistas mais longas e maior capacidade operacional, tem apresentado resultados extremamente satisfatórios em termos de fluxo de passageiros e operações internacionais.
Economia e turismo: as preocupações se intensificam
Além da questão técnica, há também preocupações econômicas e de turismo. O Galeão tem investido em melhorias constantes e expandido sua capacidade de atendimento, atraindo voos de grandes companhias aéreas internacionais. A flexibilização dos voos no Santos Dumont poderia, segundo especialistas, desviar a atenção e os investimentos necessários do Galeão, prejudicando seu crescimento e, consequentemente, a economia carioca, que depende fortemente do turismo.
A visão do setor empresarial
O setor empresarial, representado por instituições como a FIRJAN e a Fecomércio, manifestou seu descontentamento com a ideia de flexibilização. Em um comunicado recente, essas entidades ressaltaram que o aumento da concorrência desleal entre os aeroportos comprometeria a sustentabilidade dos negócios no Galeão e poderia gerar demissões e fechamento de empresas relacionadas ao setor de aviação.
Alternativas para o futuro
Uma solução proposta por especialistas é a elaboração de um planejamento estratégico que contemple o crescimento equilibrado dos dois aeroportos. A criação de um modelo de operação onde ambos possam coexistir eficazmente é essencial para que o Rio de Janeiro mantenha sua competitividade no cenário global de turismo e aviação.
Pinho ainda ressaltou a importância de entender que “cada aeroporto tem sua função e demanda específica”, e que uma gestão integrada poderia assegurar que tanto o Santos Dumont quanto o Galeão operem de maneira a atender as necessidades dos passageiros sem comprometer a qualidade dos serviços oferecidos.
Conclusão: o debate continua
À medida que a discussão sobre a flexibilização dos voos no Santos Dumont se intensifica, as vozes da comunidade de aviação e do setor empresarial continuam a clamar por uma análise aprofundada das implicações desta decisão. A proteção do Galeão como um aeroporto de chegadas e partidas de excelência é vista como crucial para o futuro da aviação no Rio de Janeiro. O debate aponta para a necessidade de uma abordagem que priorize não somente o aumento de voos, mas também o desenvolvimento colaborativo e sustentável dos dois aeroportos.
À luz das declarações de especialistas e das preocupações manifestadas, espera-se que as autoridades responsáveis pela aviação civil no Brasil considerem todas as variáveis envolvidas antes de tomar uma decisão que poderá impactar significativamente o futuro da aviação no estado.


