A violência contra a mulher é uma triste realidade que requer atenção contínua das autoridades e da sociedade. Em mais um caso emblemático, a Polícia Civil de Salvador prendeu João Pedro Souza Silva, de 23 anos, e seu primo, suspeitos de feminicídio. Fabiana Correia Cardoso, de 43 anos, foi brutalmente assassinada no dia 11 de setembro em um mercadinho onde ambos eram sócios. O corpo da vítima nunca foi encontrado.
Detalhes do crime
Segundo as investigações, o crime foi premeditado e ocorreu dentro do mercadinho no bairro de Periperi. A perícia da polícia informou que o perfil genético de Fabiana foi encontrado em duas facas que foram utilizadas no assassinato, além de vestígios de sangue feminino no freezer onde o corpo foi mantido após a morte. Os depoimentos dos suspeitos revelaram que Fabiana foi agredida e estrangulada, e em seguida, sofreu golpes fatais no pescoço.
Após o assassinato, o corpo da vítima foi mantido em um freezer antes de ser colocado em um tonel azul. Os homens tentaram destruir o cadáver utilizando substâncias corrosivas e inflamáveis. No dia 13 de setembro, dois dias após o crime, o tonel foi transportado para um outro local, onde os restos mortais foram queimados por várias horas. Resíduos da cremoração foram descartados em um container público no dia 14.
Investigação e evidências
No dia 15 de setembro, os familiares de Fabiana registraram um boletim de ocorrência relatando seu desaparecimento. Como último contato conhecido ocorreu no mesmo dia do crime, a situação gerou suspeitas entre os parentes. O inquérito policial foi aberto somente no dia 30 de setembro, após serem identificados indícios que tornaram um afastamento voluntário da mulher improvável.
A diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Lígia Nunes de Sá, destacou que a investigação foi desafiadora, uma vez que não havia corpo nem testemunhas diretas. “Foi necessário reconstruir a dinâmica a partir de provas indiretas e perícias que evidenciaram as contradições nas versões contadas pelos investigados,” explicou.
Prisão dos suspeitos
João Pedro foi preso no dia 21 de outubro, seguido pela prisão de seu primo em 5 de novembro, ambos sob mandados de prisão temporária. Em 18 de dezembro, as prisões foram convertidas em preventivas, e ambos permanecem à disposição da Justiça. Durante os interrogatórios, as versões apresentadas pelos suspeitos divergiram e foram logo refutadas pelas evidências presentes.
O delegado André Carneiro, que comanda o caso, ressaltou que, mesmo com a ausência do corpo, as provas coletadas garantem a responsabilização dos envolvidos. “As provas técnicas demonstram de forma inequívoca a ocorrência do homicídio e as ações para ocultação do cadáver. A investigação progrediu com a análise integrada de depoimentos, diligências e laudos periciais,” complementou.
A luta contra a violência de gênero
Esse caso trágico é mais uma evidência da necessidade urgente de ações mais fortes e efetivas no combate à violência de gênero no Brasil. De acordo com os dados das autoridades, a Bahia registrou 97 feminicídios entre janeiro e dezembro de 2025, e a sociedade clama por soluções. Iniciativas como o ‘Baralho Lilás’, lançado pelo Governo da Bahia, visam identificar e localizar foragidos por violência contra a mulher, além de promover a conscientização e prevenção desse tipo de crime.
Enquanto o caso de Fabiana avança na Justiça, é imprescindível que a sociedade continue a discutir e agir contra a cultura de violência e impunidade, buscando garantir que cada mulher tenha o direito a um vida livre de medo e opressão.
Para acompanhar mais detalhes sobre este caso e outros relacionados à segurança e direitos humanos, siga as atualizações no G1 Bahia.


