Em entrevista exclusiva ao g1, o presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, afirmou que a marca optou por ficar de fora do Salão de São Paulo de 2025, devido ao formato do evento e à ausência de concorrentes de peso. O retorno do evento após sete anos não teria atingido o potencial esperado, na avaliação do executivo, que destacou a importância de uma presença mais forte de marcas relevantes.
Decisão baseada na presença das marcas e no formato do evento
Possobom explicou que, para a Volkswagen, um salão de automóveis forte é aquele com participação de todas as principais marcas do mercado. “Tiveram marcas importantes lá, mas muita gente ficou de fora”, afirmou. Segundo ele, o formato atual, com estandes menores e num modelo mais tradicional, não atrai tanto quanto outros formatos de eventos de automóveis que a Volkswagen acompanha na Europa, com maiores aberturas ao público e eventos em praças públicas.
Ele ressaltou que, apesar de considerar a possibilidade de retornar ao evento em 2027, o formato atual não atende às expectativas da empresa, especialmente pela estrutura pouco inovadora.
Outras marcas que ficaram de fora
Além da Volkswagen, outras marcas de peso também decidiram não participar do Salão de 2025. Entre elas estão Audi, BMW, Chevrolet, Ford, Jaguar, Land Rover, Mercedes, Nissan, Porsche e Volvo. A ausência dessas fabricantes reforça a percepção de que o evento não conseguiu consolidar sua força e representatividade no mercado atual.
Perspectivas e possíveis mudanças
Durante a entrevista, Possobom destacou que a Volkswagen acompanha diferentes formatos de eventos na Europa e que acredita em inovação para atrair o público. “Ficar preso ao modelo de salão de galpão fechado, com cada um em um canto, talvez não seja o que o público queira no futuro”, pontuou.
Ele afirmou que, para a Volkswagen, um evento mais “forte” e estruturado pode levar a uma reconsideração de sua participação em eventos como o Salão de São Paulo, em especial caso haja uma mudança no formato e na presença de marcas relevantes.
Conjuntura e cenário do mercado automotivo
Além das razões internas ao evento, Possobom avaliou o contexto do mercado automotivo brasileiro. Segundo ele, fatores como juros elevados, legislação de emissões e a necessidade de ampliar a produção nacional dificultam o crescimento do setor e o avanço na eletrificação de veículos.
Ele destacou que a eletrificação ainda enfrenta obstáculos de custo, e que a Volkswagen está adotando uma estratégia de oferecer versões híbridas e flex, além de optar por produzir carros elétricos no Brasil ao invés de importá-los, para atender às peculiaridades do mercado local.
Para o executivo, a redução de juros, aumento da produção e uma legislação de emissões mais flexível poderiam impulsionar o crescimento do mercado de automóveis no Brasil nos próximos anos.
“A indústria precisa se fortalecer, com mais produção e menor custo”, concluiu Possobom, reforçando que mudanças no cenário econômico e regulatório podem ser decisivas para o futuro do setor.
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