A missão PUNCH (Polarimeter to Unify the Corona and Heliosphere) da NASA, liderada pelo Southwest Research Institute (SwRI), recebeu destaque mundial ao revelar suas primeiras imagens completas da coroa solar e do vento solar em um único registro. Com isso, a PUNCH transforma a maneira como os cientistas observam a atividade solar e suas implicações no espaço ao redor da Terra.
O funcionamento da missão PUNCH
Lançada em março deste ano, a missão utiliza quatro espaçadores em órbita, espaçados por 8.000 milhas, trabalhando juntos como um único telescópio virtual. Essa configuração inusitada permite a captura de imagens de larga escala, o que não seria possível a partir de uma única plataforma. Menos de um ano após o início da operação, a PUNCH já registrou eventos como ejeções de massa coronal imensas e tempestades solares.
Durante uma conferência na AGU25, o Dr. Craig DeForest, investigador principal da missão, explicou: “As imagens da PUNCH oferecem uma visão única da majestade dos planetas e revelam a grandeza do nosso Sol no cosmos.” As imagens não apenas mostram a atividade solar em caráter geral, mas também retratam eventos como uma tempestade solar que iluminou os céus dos Estados Unidos com auroras no mês de novembro.
Uma engenharia extraordinária
A missão PUNCH utiliza uma tecnologia avançada para capturar imagens do vento solar, evidenciando partículas solares com intensidade muito reduzida. As câmeras dos quatro espaçadores são projetadas para filtrar a luz solar diretamente, permitindo visualizar o que seria considerado invisível — uma proeza comparável à diferença de massa entre um humano e um vírus comum.
As imagens são coletadas a cada quatro minutos, sendo processadas e unidas em mosaicos que abrangem até 45 graus ao redor do Sol. Isso resulta em uma visão coerente da atividade solar, crucial para entender como as tempestades solares podem impactar a atmosfera da Terra e os sistemas tecnológicos.
Acompanhamento de tempestades solares
O PUNCH já demonstrou sua capacidade de acompanhar e registrar a “violência” das tempestades solares. O acompanhamento de uma ejeção de massa coronal em novembro ajudou a demonstrar como camadas de eletrões viajam através do sistema solar, permitindo aos cientistas um entendimento melhor das ocorrências de clima espacial.
A coleta de dados em três dimensões, conforme as ejeções de massa coronal (EMC) se movem em direção à Terra, pode contribuir significativamente para a previsão de como o clima espacial influencia a tecnologia que usamos, desde satélites até redes elétricas. Isso é vital para a segurança de astronautas e a operação de tecnologias terrestres.
Observações de cometas invisíveis
Um dos achados notáveis da PUNCH é sua aptidão em rastrear cometas que seriam invisíveis para outros telescópios. A missão monitorou o cometa interstelar 3I/ATLAS durante seu percurso pelo sistema solar interno, quando o brilho intenso do Sol tornava sua visualização impossível para outros instrumentos. Além disso, a PUNCH manteve um acompanhamento minucioso do Cometa SWAN, produzindo imagens nítidas a cada quatro minutos, culminando em quase 40 dias de observação contínua.
DeForest enfatizou: “Descobrimos ciências complementares incríveis que a PUNCH está proporcionando, rastreando cometas e outros objetos que não poderiam ser detectados anteriormente.” Isso não apenas mostra a versatilidade da missão, mas realça a importância da PUNCH na pesquisa astronômica.
O futuro da previsão de clima espacial
Os cientistas participaram de um período de comissionamento após o lançamento, que foi concluído em 90 dias. Com os quatro espaçadores agora operando em suas órbitas científicas finais, a PUNCH se alinha com outras missões, como o Parker Solar Probe e o Solar Orbiter, para criar um panorama abrangente da atmosfera solar e do vento solar. Enquanto outros projetos focam em detalhes específicos, a PUNCH oferece uma visão global e inédita da atividade solar.
A crescente capacidade da PUNCH de fornecer dados que podem revolucionar a forma como antecedemos os fenômenos solares é comparable ao impacto que satélites geossincrônicos tiveram na meteorologia terrestre. As imagens geradas pela missão nos lembram continuamente de nossa conexão com o Sol e dos efeitos da atividade solar na vida na Terra.
Com sua ambição e realizações extraordinárias, a missão PUNCH está preparando o terreno para um entendimento mais profundo do clima espacial enquanto faz história na exploração do cosmos.



