A Arábia Saudita ultrapassou seu próprio recorde ao registrar um aumento significativo no número de execuções em 2025. Com pelo menos 347 pessoas executadas até agora, o país vive o que se considera o “ano mais sangrento de execuções”, de acordo com a organização britânica Reprieve, especializada em casos de pena de morte. Este crescimento acentuado em um curto espaço de tempo lança um olhar crítico sobre a legislação e as práticas deste reino no Oriente Médio, especialmente em relação a direitos humanos e processos judiciais.
Crescimento alarmante nas execuções
O relatório da Reprieve destaca um aumento em relação ao total de 345 execuções registradas em 2024, marcando o segundo ano consecutivo em que a Arábia Saudita bate seu próprio recorde. Entre os recentes indivíduos executados estão dois cidadãos paquistaneses cúmplices de crimes relacionados a drogas, situação que se repete frequentemente, uma vez que a maioria das penas é aplicada a crimes não fatais ligados a substâncias ilícitas.
Contexto das execuções
Do total de execuções, mais da metade inclui estrangeiros e, em muitos casos, estão vinculadas a uma denominada “guerra contra as drogas” que tem sido criticada por grupos de direitos humanos. A UN destacou que muitos dos condenados não receberam tratamento compatível com normas internacionais fundamentais. Os críticos, como Jeed Basyouni, da Reprieve, alertam que a Arábia Saudita opera com uma impunidade preocupante, tornando uma verdadeira caricatura do sistema de direitos humanos.
Entre os executados, está o pescador egípcio Issam al-Shazly, que alegou ter sido coagido a contrabandear drogas e acabou sendo condenado em um contexto visto como arbitrário. De acordo com Reprieve, um total de 96 das execuções deste ano se relacionam exclusivamente ao uso de haxixe, enfatizando a política de tolerância zero do governo saudita.
Críticas ao sistema de justiça
A brutalidade do sistema judiciário saudita é sublinhada por relatos de tortura e confissões forçadas. Certa vez, um prisioneiro compartilhou com jornalistas que a única tranquilidade que ele sentia era nos finais de semana, quando não havia execuções. Essa lógica de terror predominante dentro das prisões sauditas pinta um quadro tenebroso da realidade de indivíduos condenados à morte.
Reações da comunidade internacional
A comunidade internacional não ficou em silêncio diante desse aumento dramático; a ONU e o Human Rights Watch levantaram sérias preocupações sobre a falta de transparência e as violações de direitos humanos associadas às execuções. O especialista da ONU em execuções extrajudiciais fez um apelo por um moratória imediata, visando a completa abolição das práticas capitalistas no país.
A postura de Mohammed bin Salman
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que assumiu a posição de liderança em 2017, promoveu uma série de reformas que, enquanto modernizam alguns aspectos sociais do reino, também têm se mostrado insuficientes para garantir uma melhoria nos direitos humanos. A severidade das execuções faz com que as iniciativas de abertura ao mundo pareçam contraditórias, revelando uma postura repressiva que persiste sob a sua administração.
Para complicar ainda mais a situação, o país compensa a brutalidade de seu sistema judiciário com eventos de entretenimento e esportivos que atraem a atenção internacional, permitindo que a Arábia Saudita mantenha uma imagem positiva no exterior enquanto segue com uma das taxas mais altas de execução no mundo,superadas apenas por China e Irã.
Conclusão
A escalada do número de execuções na Arábia Saudita chama atenção para a urgente necessidade de reforma no sistema judicial e no tratamento de direitos humanos no reino. A combinação de severidade nas punições e práticas que são frequentemente desacompanhadas de processos justos evidencia uma grave crise humana, que não pode ser ignorada pela comunidade internacional.
O mundo observa, mas as mudanças desejadas para um tratamento mais justo e humano ainda não são visíveis nas ações do governo saudita. A esperança é que, com a pressão global, eventualmente, se possa alcançar um futuro mais humano e ético para todos os cidadãos da Arábia Saudita.

