Brasil, 21 de dezembro de 2025
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Aliados de Pampolha ganham diretorias na Cedae em meio a polêmicas

Dois antigos aliados do ex-vice-governador do Rio, Thiago Pampolha, que atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), recentemente foram nomeados para diretorias da Cedae. Essas nomeações ocorrem em um contexto delicado, em que o governo estadual e a Cedae estão disputando uma indenização significativa à concessionária Águas do Rio, avaliada em R$ 900 milhões. A primeira indicação aconteceu em outubro, durante um momento crítico, quando Pampolha estava prestes a votar sobre o assunto na Corte, enquanto a segunda ocorreu após seu voto favorável ao governo, que decidiu transferir a responsabilidade da indenização para a Cedae.

Nomeações controversas em tempos críticos

As nomeações de José Ricardo Ferreira de Brito e Philipe Campello na Cedae foram antecipadas pela reportagem do jornal Correio da Manhã. Ambos os novos diretores têm um histórico de trabalho com o governador Cláudio Castro (PL). Brito atuava como subsecretário na Secretaria de Meio Ambiente entre abril e dezembro de 2022 e chegou a ocupar o cargo de Pampolha temporariamente durante sua campanha eleitoral. Campello, por sua vez, também tem bagagem na pasta, onde foi presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

A escolha de Brito para assumir a Diretoria de Saneamento e Grande Operação foi realizada após um ofício do governador enviado ao conselho de administração da Cedae, no qual era solicitada a avaliação da sua indicação. Já a nomeação de Campello resultou na criação de uma nova Diretoria de Sustentabilidade, com o apoio de aliados do governo no conselho, que foram fundamentais para acelerar a mudança estatutária necessária.

A polêmica das indenizações

No aspecto financeiro, as disputas permanecem acirradas. Em uma discussão intensa, Pampolha manifestou divergência em um julgamento do TCE que visava permitir a continuidade do acordo de indenização, o qual havia sido visto como prejudicial à Cedae. Em 3 de outubro, véspera da nomeação de Brito, a companhia anunciou que aceitaria indenizar a concessionária Águas do Rio por supostos erros no edital de concessão. Este entendimento, no entanto, não veio sem controvérsias, pois a Cedae insistiu que não carregava a responsabilidade pelos prejuízos relatados.

A expectativa é que o valor final da indenização chegue a impressionantes R$ 900 milhões, que seria pago por meio de descontos na venda de água durante o período de concessão. A Cedae, inicialmente, mostrava-se relutante em aceitar essa responsabilidade, apontando que o edital foi elaborado pelo BNDES em parceria com o governo do Rio. Sem essa aceitação, a concessionária Águas do Rio sinalizava que poderia repassar os custos para os consumidores, elevando as tarifas.

Críticas e decisões controversas

Após uma denúncia feita por deputados estaduais, o conselheiro José Gomes Graciosa suspendeu o acordo de indenização, argumentando que a pressa do governo em pressionar a Cedae levantava “severas dúvidas sobre a moralidade e o caráter republicano do acordo”. Graciosa apontou a falta de documentação que justificasse o montante de R$ 900 milhões como um problema. No entanto, Pampolha continuou a insistir na necessidade de avançar com o acordo, enfatizando a importância de não interromper o diálogo entre as partes envolvidas.

A votação no TCE, que resultou na aprovação da proposta de indenização, foi acirrada, resultando em 4 votos a favor e 3 contra. O mesmo dia viu a reunião do conselho da Cedae que formalizou a posse de Campello na Diretoria de Sustentabilidade.

Repercussão das nomeações e o futuro de Pampolha

As nomeações de Brito e Campello representaram uma estratégia política de Pampolha, que havia sido demitido da Secretaria de Meio Ambiente em 2024 após se filiar ao MDB e articular uma candidatura ao governo em 2026. Tal movimento contrariou os planos de Castro e do então presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, impulsionando uma série de mudanças na estrutura de poder do estado.

Pampolha não retornou aos pedidos de comentários, mas o governo e a Cedae emitiram uma nota afirmando que as escolhas de seus aliados se basearam em suas qualificações e experiências em áreas estratégicas da administração pública. Resta saber como essas manobras políticas impactarão o cenário político e a gestão de serviços essenciais no Rio de Janeiro nos próximos meses.

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