A leitura é uma prática essencial para a formação do pensamento crítico e da identidade pessoal. No entanto, segundo um estudo da 6ª edição da pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’, o país perdeu impressionantes 6,7 milhões de leitores entre 2019 e 2024. Para discutir esses desafios e a importância da educação continuada na formação cultural, o publisher Rodrigo Simonsen foi o convidado da semana do podcast Baixada em Pauta, apresentado pelos jornalistas Matheus Müller e Luiz Linna.
Os desafios da promoção da leitura
Simonsen, responsável pela curadoria de títulos e pela estratégia de como os livros chegam ao mercado, apontou que há um déficit no incentivo à leitura entre os jovens. De acordo com ele, os conteúdos abordados nas escolas são geralmente densos e pouco acessíveis, além da falta de referências de leitura tanto em casa quanto na sociedade.
“Eu tenho os traumas da literatura da escola e eu tive ótimos professores, mas quem quer ler aquelas coisas quando tem 13 anos? Parece algo forçado. Você não vê a Virgínia lendo, você não vê o Neymar lendo. Então, vai colocando a leitura num espaço só de gente estranha”, declarou Simonsen, destacando a necessidade de se criar uma cultura de leitura mais atrativa.
A leitura como passaporte para a cultura
Em um mundo cada vez mais visual, onde a estética atrai e fascina, Simonsen enfatiza que a cultura tem o poder de tornar as pessoas mais interessantes. “Quando você não tem essa vantagem da natureza e não ganhou na loteria genética, o que você faz? Você pode se tornar uma pessoa mais interessante. Só que dá muito trabalho. Você não fica mais interessante da noite para o dia”, ponderou.
De acordo com o publisher, o processo de se tornar uma pessoa mais interessante exige tempo e dedicação. Ele comparou essa evolução a um treinamento constante, onde consumir cultura de forma regular – seja por meio de livros, filmes ou outras artes – é fundamental. “Você pode se tornar uma pessoa mais interessante, mas isso requer esforço contínuo e um verdadeiro compromisso com o aprendizado”, disse Simonsen.
O valor do livro como objeto cultural
Em sua análise sobre a literatura, Simonsen também destacou a nobreza do livro como um produto cultural. Para ele, cada obra literária é resultado de décadas de reflexão e amadurecimento de ideias. “Eu sempre tentei tratar o livro com a nobreza que ele merece, porque o livro é um produto nobre. Texto é algo sagrado, pensamento são décadas de experiências refinadas que são depositadas ali”, afirmou.
Essas reflexões revelam não apenas uma valorização da literatura, mas também uma crítica à forma como os livros são percebidos atualmente. Para Simonsen, é crucial que a leitura seja vista como um hábito, semelhante a outras atividades do cotidiano.
Leitura e formação de repertório
Simonsen reconhece que a leitura deve ser encarada como um hábito fundamental na formação de repertório cultural, assim como ouvir música, assistir a filmes ou frequentar eventos culturais. Ele sustentou em sua participação no podcast: “Não tem um dia que eu não consumo algum tipo de produto cultural. Eu tento ler alguma coisa, ouvir, ir ao cinema, ver uma série. Isso é formativo, é o que diferencia e cria essa personalidade mais robusta”.
Essa abordagem enfatiza a importância de integrar a leitura na vida diária das pessoas, promovendo um ambiente em que a cultura e o conhecimento possam florescer. Simonsen acredita que, ao cultivar esses hábitos, os indivíduos não apenas expandem seu conhecimento, mas também se tornam mais aptos a interagir socialmente e a se destacar profissionalmente.
Assim, a conversa com Rodrigo Simonsen no Baixada em Pauta oferece um importante alerta sobre a necessidade de revitalizar a leitura entre os jovens e reimaginar a forma como a literatura é apresentada. É um chamado à ação para todos os setores da sociedade, desde educadores até famílias, para que se empenhem na promoção da leitura e da cultura.
O podcast Baixada em Pauta pode ser ouvido na íntegra pelo link disponibilizado.
Ouça aqui.
