Na última quinta-feira, 18 de dezembro, foi apresentada na Sala de Imprensa da Santa Sé a Mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz, a ser celebrado em 1º de janeiro de 2026. O tema central da mensagem deste ano é: “A paz esteja convosco. Rumo a uma paz desarmada e desarmante”. A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que enfatizou a importância de rejeitar a tentação de dominar os outros.
A paz no coração humano
O Cardeal Czerny, durante sua fala, abordou a complexidade do desejo humano por paz, que é frequentemente ofuscado pela “libido dominandi”, expressão que Santo Agostinho usou para descrever o desejo de domínio sobre o outro. Ele refletiu sobre o paradoxo da busca pela paz em meio a uma mentalidade militarista. “As experiências mais dramáticas nos ensinam que a vingança não é o melhor caminho”, afirmou, enumerando que a verdadeira paz se manifesta na “dor compartilhada”. O Cardeal destacou que a preparação para a paz deve começar no coração humano, reiterando a ideia de um “desarmamento do coração” para contrabalançar a busca por poder.
Unindo esforços para o desarmamento
De acordo com o Cardeal, o medo é um dos principais obstáculos para o desarmamento, pois a dinâmica das relações internacionais ainda se baseia na crença errônea de que a força militar é sinônimo de segurança. Na mensagem, o Papa Leão XIV incentiva o diálogo, ressaltando que o silêncio das armas não deve ser visto apenas como uma condição temporária ou um tratado superficial entre nações. “A paz existe! Aqueles que optam pela lógica da guerra traem sua humanidade”, reiterou o Cardeal Czerny.
A importância da fé e do perdão
O professor Tommaso Greco, um dos conferencistas, trouxe à tona a importância de acreditar na possibilidade da paz. Ele reforçou que o silêncio das armas deve ser uma pré-condição para se construir relações autênticas. Greco propôs uma mudança de perspectiva, substituindo o lema “se quer paz, prepare-se para a guerra” por “se quer paz, trabalhe pela paz”, enfatizando que tal mudança requer um esforço conjunto e uma adoção de princípios mais humanos. “Nenhuma realidade de guerra é predestinada, temos a responsabilidade de semear a paz”, concluiu.
Testemunho da dor e da esperança
Aos presentes, o Padre Pero Miličević compartilhou suas experiências traumáticas vividas durante a guerra na Bósnia, ao perder familiares e ser prisioneiro. Ele descreveu a importância de manter a paz no coração, mesmo nas circunstâncias mais adversas. “A vontade de vingança pode ser superada, e a oração foi meu suporte. A bondade é desarmante”, relatou. A trajetória do Padre Miličević ilustra como a experiência do perdão e da busca pela paz é possível, mesmo após tragédias e perdas dolorosas.
Desarmando a violência através da compreensão
A Dra. Maria Agnese Moro também esteve presente e compartilhou reflexões profundas sobre a reclamação da paz. Para ela, o silenciamento das armas é apenas um aspecto externo e que, para se alcançar uma paz verdadeira, é necessário entender e desativar os mecanismos que geram violência. Moro, ao falar sobre a justiça restaurativa, enfatizou que a verdadeira compreensão humana se dá a partir de diálogos difíceis e do acolhimento da dor alheia. “Estamos em busca de uma reconciliação que deve se dar em meio à dor e à perda”, finalizou.
A Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz convoca todos a refletirem profundamente sobre suas ações cotidianas e sobre o papel que cada um pode desempenhar na construção de um mundo mais pacífico, onde a bondade e a compaixão prevaleçam sobre o medo e o desejo de dominar. O lema “A paz esteja convosco” não é apenas um desejo, mas um convite à ação e ao compromisso coletivo por um futuro melhor.
Você pode ler a mensagem completa do Papa Leão XIV e mais detalhes da coletiva de imprensa [aqui](https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2025-12/coletiva-imprensa-apresentacao-mensagem-papa-paz-2026.html).


