Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, pode estar à beira de deixar o partido Rede, em um cenário político que se intensifica com as novas mudanças estruturais que foram implementadas pela direção nacional da legenda. A questão se torna ainda mais relevante, pois Marina busca uma candidatura ao Senado por São Paulo em 2026. As revelações vêm de aliados da ministra, que percebem uma diminuição no espaço da ala que a apoia dentro do partido.
Contexto das mudanças na Rede
As mudanças no estatuto do partido, que agora é controlado por um grupo ligado à deputada federal Heloísa Helena (RJ), estão gerando tensões internas e uma dúvida crescente sobre a permanência de Marina na sigla. Esta situação evidencia um rompimento entre correntes que defendem visões diferentes para o movimento ambientalista e progressista no Brasil.
Uma decisão sobre a permanência de Marina foi adiada para o próximo ano, e ela chega ao início do período eleitoral com três principais premissas que podem gerar atritos com o diretório nacional da Rede:
- Defesa da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva;
- Fortalecimento de candidaturas na frente ampla;
- Defesa de uma agenda sustentável.
Reação interna e manifesto contra a direção do partido
Na última quinta-feira, dirigentes e filiados ligados ao campo “Rede Vive,” que é aliado de Marina, assinaram um manifesto criticando as mudanças promovidas na direção nacional. O texto denuncia a perseguição interna contra a ministra e se opõe às alterações adotadas no congresso extraordinário realizado recentemente. A ala dissidente afirmou que as mudanças estatutárias podem ser uma tentativa de silenciar qualquer dissidência dentro do partido.
O manifesto, que já conta com cerca de 250 assinaturas, pode alcançar mil apoios na próxima semana. Esse movimento é uma clara demonstração do descontentamento com o atual rumo do partido e da luta pela preservação da democracia interna.
Divisão entre as lideranças
O conflito entre Marina Silva e Heloísa Helena ilustra a divisão crescente no diretório nacional da Rede, que se acentuou desde a disputa em abril pelo comando do partido. Heloísa venceu a eleição e, desde então, as diferenças programáticas e as visões sobre a relação com o governo federal resultaram em atritos cada vez mais intensos entre os grupos.
Enquanto Marina se define como “sustentabilista” e continua sua colaboração com o governo Lula, Heloísa adota uma postura oposicionista e defende o “ecossocialismo,” um modelo que busca associar as questões ambientais a uma mudança profunda no sistema econômico em vigor.
O novo secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, que compõe a ala liderada por Heloísa, afirmou que não há nenhuma restrição à candidatura de Marina dentro da sigla. Entretanto, ele reconheceu que a perspectiva de apoio à campanha da ministra em 2026 pode ser comprometida devido às suas recentes licenças e à sua nova posição na gestão federal.
Futuro de Marina e o caminho a seguir
Marina foi eleita deputada federal em 2022, mas logo se licenciou para assumir a pasta do Meio Ambiente, fato que pode impactar sua capacidade de reverter a situação em torno de uma candidatura pela Rede. Há uma preocupação crescente entre seus aliados de que, sem o apoio necessário dentro da legenda, uma candidatura em 2026 pode ser inviável.
Os embates internos e a nova estruturação do partido podem significar uma reconfiguração importante não apenas da trajetória de Marina Silva, mas também do futuro da Rede como formação política, levando em conta suas raízes e a sua missão original.
À medida que o clima político se intensifica, ficando cada vez mais próximo das eleições, as próximas decisões de Marina Silva e o desenvolvimento deste cenário interno na Rede serão cruciais para entender a dinâmica da política nacional brasileira nos próximos anos.
Resta saber se a ministra encontrará um espaço onde a sua visão para o Brasil possa prosperar, ou se a busca por uma nova sigla se tornará inevitável.



