Brasil, 20 de dezembro de 2025
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Justiça militar absolve oficial pelo afogamento de bombeiro em treinamento

No dia 20 de dezembro de 2025, a Justiça Militar absolveu o major Felipe Pimenta de Siqueira pela morte do tenente Nazir Luiz Dutra Júnior, que se afogou durante um treinamento do Corpo de Bombeiros na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O caso, que ocorreu em 6 de julho de 2018, marca um episódio trágico que ainda provoca repercussão e clama por justiça. Por 4 votos a 1, o Conselho Militar decidiu pela absolvição, mas a família da vítima e o Ministério Público manifestaram intenção de recorrer da decisão.

O trágico acidente e suas consequências

Nazir, que também exercia a função de enfermeiro em uma maternidade e era diácono de uma igreja presbiteriana, estava em processo de adaptação a um curso de salvamento marítimo (CSMar) quando a tragédia ocorreu. Na segunda semana de treinamento, durante a transposição da linha de arrebentação em um mar com ondas de até 3,3 metros, ele submergiu e não foi mais visto, levando a uma busca que durou dois dias até que seu corpo fosse encontrado.

O laudo cadavérico confirmou que a morte decorreu de afogamento. A família de Nazir, especialmente sua irmã Vânia Dutra, expressou indignação ante a decisão da Justiça Militar. Vânia afirmou que seu irmão era um dos melhores bombeiros da corporação. “Esses foram os dias mais tristes da vida da minha família. O Júnior era um herói”, disse. De acordo com Vânia, o comandante da operação emitiu ordens que ignoraram normas de segurança, questionando a decisão de levar os alunos ao mar em condições adversas.

Os protocolos de segurança do Corpo de Bombeiros

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro afirmou em nota que seus cursos operacionais seguem protocolos rigorosos de planejamento e segurança. Segundo a corporação, as atividades são estruturadas de forma progressiva e podem ser interrompidas em caso de condições adversas. “A segurança de nossos alunos é prioridade”, defendeu o órgão, que ressalta o acompanhamento médico durante os treinamentos.

Reações da família e do Ministério Público

A reação da família foi imediata. Vânia Dutra anunciou que irá recorrer da decisão, expressando sua dor e a busca por justiça. “A gente sempre lembra desse dia com tristeza e dor. Quando a justiça vai ser feita?”, indagou. A defesa do major Pimenta, por outro lado, afirmou que um processo criterioso foi conduzido, com produção de provas e testemunhos que corroboraram a absolvição da autoridade.

A memória de Nazir e suas homenagens

Pouco depois da tragédia, em 2019, Nazir foi postumamente homenageado com a medalha de Eterno Herói do Corpo de Bombeiros, destinada a homenagear bombeiros que perderam a vida em serviço. Em 2023, uma turma de bombeiros foi nomeada em sua honra, reafirmando o legado de coragem e dedicacão que Nazir deixou.

O livro que eterniza a memória de um herói

A filha de Nazir, Rebeca, que na época tinha apenas oito anos, também prestou sua homenagem ao pai escrevendo um livro intitulado “Bombeiro nº 4”, em referência ao número da camisa que ele usou durante o curso. O livro conta a história de Nazir como um verdadeiro herói, trazendo ilustrações que retratam sua figura heroica e repleta de amor, com referências bíblicas que reforçam sua importância não apenas como bombeiro, mas como pai e líder espiritual.

Entendendo a decisão da Justiça Militar

A decisão do Conselho foi dividida, onde quatro juízes votaram pela absolvição, afirmando que não houve negligência e que as condições do mar eram adequadas e seguiam as diretrizes do treinamento. O juiz que votou contra a absolvição, por sua vez, destacou a responsabilidade do major Pimenta em garantir a segurança do treinamento, alegando imprudência ao manter a atividade em um mar considerado revolto. Essa divergência evidencia a complexidade do caso e as diferentes interpretações sobre o que constitui negligência e responsabilidade em situações de alto risco.

O caso de Nazir Luiz Dutra Júnior continua a ser uma lembrança dolorosa para sua família e colegas, ressaltando a importância da segurança em treinamentos que envolvem a vida de pessoas. Com os próximos passos da apelação, a luta da família por justiça e reconhecimento de que vidas dependem de decisões cruciais durante aulas de salvamento marítimo deverá ser acompanhada de perto pela sociedade.

A tensão entre a prática de atividades de alto risco e a necessidade de segurança é um debate que deve continuar sendo alimentado dentro da corporação, para que tragédias como esta não se repitam.

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