Na expectativa de assinar o maior acordo de livre comércio da União Europeia, Ursula von der Leyen enfrentou adiamentos e dificuldades na conclusão do pacto com o Mercosul, marcado para sábado. A presidente da Comissão Europeia busca agora obter suporte de última hora de países como a Itália, que adiam a ratificação por temores de impacto no setor agrícola europeu.
Adiado novamente: risco para o acordo UE-Mercosul
As negociações entre a UE e blocos do Mercosul — incluindo Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai — se arrastam há 25 anos. A demora tem gerado irritação na América do Sul, enquanto a UE tenta consolidar sua posição como uma potência econômica global. Autoridades esperam renovar as negociações em 12 de janeiro, mas a aprovação ainda não está garantida.
Controvérsias e obstáculos internos na UE
Um dos principais obstáculos é a resistência de setores agrícolas europeus, que tem se manifestado com protestos em Bruxelas, como a queima de pneus e despejo de batatas durante a cúpula em Bruxelas. Segundo fontes internas, a Itália, liderada por Giorgia Meloni, busca mais concessões para seu setor agrícola, tentando extrair o máximo benefício antes do apoio final ao acordo.
“Ela me explicou que não é contra o acordo. Está apenas enfrentando um certo constrangimento político por causa dos agricultores italianos”, afirmou o presidente Lula, ao dizer que Meloni lhe garantiu a possibilidade de conseguir aprovação nos próximos dias.
Impacto geopolítico e economia global
A não assinatura do tratado representa um revés para a UE, que deseja usar o acordo como prova de sua capacidade de atuar independentemente da influência da China e dos EUA. Segundo análise da Bloomberg Economics, “o fracasso em autorizar o acordo prejudicaria mais economicamente o Mercosul do que a UE, mas seria um revés geopolítico para Bruxelas” — ressalta Antonio Barroso.
O pacto, se concretizado, criaria um mercado de 780 milhões de consumidores e promoveria a eliminação gradual de tarifas sobre bens como automóveis, além de facilitar o acesso europeu à vasta indústria agrícola do Mercosul. Além disso, fortaleceria laços econômicos e cadeias de suprimentos além das relações tradicionais com Washington e Pequim, demonstrando a autonomia da Europa no cenário mundial.
Perspectivas e desafios futuros
Especialistas alertam que, se o acordo não for assinado até 20 de dezembro, poderá estar definitivamente comprometido. Bernd Lange, presidente da comissão de comércio do Parlamento Europeu, afirmou que “se não houver assinatura nesta semana, o tratado estará morto e as consequências serão profundas para as relações internacionais da UE”.
Enquanto isso, o Parlamento Europeu e capitais europeias tentaram reforçar o pacto ao propor novas proteções para agricultores europeus, mas os esforços não foram suficientes até o momento. Se a assinatura não acontecer, outros parceiros comerciais, como o Canadá, Reino Unido e Japão, ganham peso na agenda de negociações de Mercosul e UE.
Segundo o chanceler alemão Friedrich Merz, “se a UE quiser permanecer crível na política comercial global, decisões precisam ser tomadas agora”, reforçando a urgência do momento. A próxima semana será decisiva para definir se o acordo finalmente avançará ou continuará a ser virtualmente inviável.
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