Brasil, 20 de dezembro de 2025
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Dr. Philip Nitschke apresenta novo dispositivo de euthanasia

Em uma manhã fresca de segunda-feira na charmosa cidade de Amersfoort, na Holanda, um grupo de idosos ouve atentamente as palavras de um médico australiano. O Dr. Philip Nitschke é conhecido mundialmente como um dos pioneiros na legalização da euthanasia, sendo o primeiro médico a administrar uma injeção letal de forma legal. Ele também é o criador do controverso Sarco, uma cápsula para suicídio assistido que já causou grande polêmica.

Nitschke, que fundou a Exit International, uma organização sem fins lucrativos que fornece orientações sobre o suicídio assistido, não se deixou abalar pelas críticas. Em 2024, sua invenção chamou a atenção quando uma mulher usou o Sarco para encerrar sua vida, sendo este um dos primeiros casos documentados. Apesar do apelido decorrente de sua prática—“Dr. Death”—o médico continua firme em sua missão de expandir o acesso à euthanasia.

O que é o Kairos Kollar?

A nova invenção que Nitschke apresentou é o Kairos Kollar, um dispositivo projetado para proporcionar uma morte pacífica e rápida. No evento de Amersfoort, Nitschke demonstrou o funcionamento do gadget em um manequim, explicando que ele atua aplicando pressão sobre as artérias carótidas e os barorreceptores no pescoço, cortando o fluxo sanguíneo para o cérebro e resultando na perda de consciência e, eventualmente, na morte.

Como ele mesmo descreveu em uma postagem em redes sociais: “O Exit Kairos Kollar representa um importante desenvolvimento na busca pela morte assistida… rápido, confiável, livre de drogas e, o mais importante, sem restrições!” O médico está certo de que esta invenção poderá contornar as leis assistenciais de suicídio que tanto o preocupam em diversos países.

Por que a polêmica?

Durante as oficinas—que duram cerca de três horas e incluem uma pausa para chá e biscoitos—Nitschke discute temas como os aspectos legais da euthanasia e diferentes métodos de suicídio assistido. Entretanto, sua trajetória não tem sido isenta de polêmicas. O uso do Sarco gerou reações adversas nas autoridades, especialmente na Suíça, onde foi apreendido pela polícia após um caso controverso de suicídio assistido.

A apresentação do Kairos Kollar foi realizada com muito entusiasmo, embora o Dr. Nitschke tenha sido forçado a usar uma versão inflável do Sarco, já que o original foi confiscado. Ele postulou que “você pode construir seu próprio colar e o suicídio não é um crime.” A cor vibrante do Kairos Kollar, com um design alegre, é irônica, dada a função que o dispositivo exerce.

As implicações da euthanasia no mundo

Nascido na década de 1940 em Ardrossan, Austrália do Sul, Nitschke formou-se em física antes de se tornar médico. Sua carreira ganhou um novo rumo quando ele se envolveu na campanha pela legalização da euthanasia para pacientes terminais, que culminou na aprovação da Rights of the Terminally Ill Act em 1996, a primeira legislação desse tipo no mundo. No entanto, depois de ser revogada no ano seguinte, ele se tornou um ativista fervoroso na luta por direitos ao final da vida.

Desde então, enfrentou constantes desafios legais e morais em sua carreira. Em 2014, sua licença médica foi suspensa após ele ter apoiado a decisão de um paciente de encerrar sua própria vida, mas conseguiu reverter a decisão judicialmente. Mesmo assim, foi obrigado a aceitar condições rigorosas que restringiam sua prática.

Enquanto alguns consideram Nitschke um herói pelos direitos dos pacientes, outros o veem como uma figura controversa que glamuriza o suicídio. Suas inovações continuam a ser um ponto de discussão acirrada em muitos círculos, refletindo a necessidade de diálogos mais profundos sobre o direito à morte assistida.

Futuro da assistência ao suicídio

Atualmente, Nitschke está desenvolvendo um Sarco em dupla para casais que desejam morrer juntos, além de implantes que poderiam permitir a pessoas com demência pré-estabelecer a hora de sua morte. Na visão de Nitschke, suas invenções podem oferecer uma solução para um dos dilemas mais complexos associados à demência e à capacidade de consentir.

A luta contínua do Dr. Nitschke para ampliar o acesso à euthanasia e a atenção que suas descobertas recebem fazem dele um dos personagens mais intrigantes do debate sobre o direito à morte digna. Por enquanto, o futuro de suas invenções promete ser tão desafiador quanto a jornada que ele já percorreu.

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