A situação da ex-deputada federal Carla Zambelli, do PL de São Paulo, se torna cada vez mais complicada após a cassação de seu mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 11. Atualmente, Zambelli encontra-se presa na Itália, aguardando a decisão sobre seu pedido de extradição ao Brasil, mas ainda há questões pendentes que precisam ser resolvidas na Câmara dos Deputados.
Multas e pendências na Câmara dos Deputados
Em contato com a coluna, a assessoria de imprensa da Câmara confirmou que o processo iniciado em julho passado, devido ao atraso na devolução de seu apartamento funcional durante sua licença parlamentar, continua “em análise”. Para regularizar sua situação, Zambelli deverá enfrentar multas que somam mais de R$ 7 mil. Essas penalidades fazem parte de um regramento que estabelece a devolução das unidades habitacionais em até 30 dias após o afastamento do parlamentar.
A ex-deputada deixou o Brasil em maio, sem notificar a Casa, após ser condenada a dez anos de prisão pela Primeira Turma do Supremo por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao lado do hacker Walter Delgatti Neto. A condenação foi unânime, refletindo a gravidade de suas ações.
Relação com o Supremo e desdobramentos políticos
A situação de Zambelli não é apenas uma questão judicial, mas também política. Ela procurou se afastar da Câmara dos Deputados através de uma licença de 120 dias, evitando assim um embate direto no plenário, onde a possibilidade de uma votação sobre a sua cassação poderia intensificar a tensão entre os Poderes. No entanto, mesmo com a parlamentar foragida, seu apartamento continuou ocupado por sua mãe e filho, resultando em taxas crescentes de ocupação irregular.
O prazo limite para a devolução do imóvel expirou em julho, e os advogados de Zambelli chegaram a argumentar que ela só tomou conhecimento do prazo através de notícias na mídia. No entanto, essa justificativa não foi aceita pela Câmara, que reiterou sua posição de que as multas deveriam ser aplicadas independentemente das supostas benfeitorias que Zambelli teria realizado no imóvel durante seu mandato.
A reviravolta na cassação
O presidente da Câmara, Hugo Motta, em um aceno à oposição, decidiu encaminhar a cassação de Zambelli para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas a maioria dos deputados votou contra o parecer que recomendava a cassação, surpreendendo muitos observadores políticos. Essa manobra frustrou a expectativa de Motta, que prometeu aos ministros do STF que a Casa finalizaria o processo de cassação.
Três dias após a rejeição da decisão do Supremo pelo plenário da Câmara, Zambelli optou por renunciar ao seu mandato, uma alternativa que gerou alívio para Motta, evitando novos conflitos com o STF e a oposição. A renúncia, no entanto, não impediu que a perda do cargo fosse decretada, agora com grande apoio judicial.
Expectativa sobre a extradição
O próximo capítulo dessa saga se dará na Itália, onde a extradição de Zambelli será debatida pela Corte de Apelação de Roma em janeiro de 2026. As autoridades brasileiras informaram que, caso a extradição seja aceita, Zambelli será enviada para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia, um lugar muito menos confortável do que onde se encontra atualmente.
Esse imbróglio envolvendo Carla Zambelli e as instituições brasileiras reflete um complexo cenário político e judicial, contribuindo para um clima de incerteza e tensão na relação entre os poderes da República. O desenrolar dos fatos nas próximas semanas poderá trazer novas reviravoltas, exigindo a atenção de todos os cidadãos interessados na política nacional.
Com sua situação cada vez mais complicada, a trajetória de Carla Zambelli promete ser um dos principais tópicos de discussão na política brasileira nos próximos meses.



