O chanceler alemão Friedrich Merz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestaram nesta sexta-feira confiança na assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, prevista inicialmente para este sábado. A assinatura foi adiada após divergências entre os países membros da UE durante reunião do Conselho Europeu nesta quinta-feira.
Razões do adiamento e perspectivas
De acordo com Von der Leyen, a assinatura do acordo depende de uma análise mais aprofundada por parte de alguns Estados-membros da UE. Ela afirmou em entrevista coletiva que “precisamos de algumas semanas extras para tratar de certas questões com os Estados-membros, e entramos em contato com nossos parceiros do Mercosul e concordamos em adiar levemente a assinatura deste acordo”.
Apesar do adiamento, a líder da Comissão Europeia destacou que o processo avançou e que há um movimento positivo rumo à assinatura do tratado. Fontes alemãs também demonstraram otimismo, indicando que a assinatura pode ocorrer “em meados de janeiro”, embora reconheçam que a questão ainda não está resolvida.
Reação de países e setores envolvidos
O presidente francês Emmanuel Macron expressou críticas ao texto atual, considerado inaceitável na sua forma presente. Segundo ele, “ainda é cedo para dizer se as proteções atualmente em vigor atenderão às condições da França”. Macron afirmou que o país precisa de avanços concretos para considerar um acordo diferente, ressaltando que “precisamos desses avanços para que o texto mude de natureza”.
O adiamento representa um revés para a Comissão Europeia e países como Alemanha, Espanha e os países nórdicos, que desejavam que o documento fosse assinado neste sábado. A negociação, que já dura mais de 20 anos, visa criar a maior zona de livre comércio do mundo, o que aumenta a expectativa de que o acordo será fechado em breve.
Reação do setor agrícola e manifestações
O setor agrícola, especialmente na França, mostrou preocupações e resistência ao tratado. O maior sindicato agrícola francês, FNSEA, afirmou que o adiamento “não é suficiente” e permaneceu mobilizado contra o acordo, que classifica como “um NÃO ao Mercosul”.
Na quinta-feira, milhares de agricultores participaram de protestos em Bruxelas, onde 7.300 manifestantes, em sua maioria pacíficos, bloquearam ruas com tratores. Outros 950 tratores chegaram a se envolver em incidentes. A líder agrícola europeia Copa-Cogeca também reafirmou o apoio aos agricultores e manifestou que “a Europa estará sempre ao lado deles”, após reunião com Von der Leyen.
Próximos passos e expectativas
Autoridades europeias afirmaram que a assinatura deve ocorrer “em meados de janeiro”, e que o processo está bem encaminhado, mesmo após o adiamento. O governo alemão e outros países continuam confiantes de que o acordo será selado em breve, o que representa um passo importante para ampliar o comércio internacional e fortalecer relações com o Mercosul.
Segundo fontes próximas às negociações, a assinatura deve acontecer em metade de janeiro, consolidando o compromisso de ambas as partes com uma parceria histórica e de grande impacto econômico. O acordo prevê a criação da maior zona de livre comércio do mundo, envolvendo a União Europeia e o bloco do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.


