Em um desdobramento significativo nas investigações sobre peculato e lavagem de dinheiro, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na última sexta-feira (19) a quebra dos sigilos bancário, telefônico e telemático dos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). A medida visa aprofundar a apuração das suspeitas de desvio de cota parlamentar por meio de contratos irregulares de aluguel de veículos.
Operação da Polícia Federal
No curso da investigação, a Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 430 mil em dinheiro em espécie em um endereço vinculado ao deputado Sóstenes Cavalcante. A operação, que faz parte de um esforço maior para combater a corrupção, também cumpre sete ordens judiciais simultaneamente no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro, todas expedidas pelo STF.
A quebra de sigilos foi liberada com o intuito de permitir o acesso a transferências financeiras e mensagens, facilitando assim a coleta de informações que possam esclarecer as operações em questão. De acordo com a determinação de Dino, a quebra de sigilo se estende a todos os bens, direitos e valores mantidos pelos deputados entre 2 de maio de 2018 e 6 de dezembro de 2024.
Suspeitas de desvio e lavagem de dinheiro
Segundo as investigações, agentes políticos, servidores comissionados e empresários teriam operado de forma coordenada para desviar e ocultar verba pública oriunda das cotas parlamentares. Estima-se que os recursos teriam sido repassados a empresas de fachada e posteriormente lavados através de mecanismos diversos, com assessores dos parlamentares movimentando milhões de reais.
A investigação aponta para crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A PF já havia realizado, em dezembro do ano passado, uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a assessores dos deputados, onde foram encontradas evidências do desvio de dinheiro através de contratos fraudulentos com locadoras de veículos. Essa operação foi batizada de “Rent a Car”, fazendo referência ao modo como os serviços eram simulados.
Reações dos deputados e contexto político
Após a determinação judicial, Carlos Jordy utilizou suas redes sociais para se manifestar, classificando a operação como uma tentativa de “intimidar” a oposição. Ele destacou que a função do parlamentar não é fiscalizar a frota de veículos alugados, mas sim garantir um serviço eficiente e de baixo custo. Sóstenes Cavalcante, por sua vez, não se pronunciou até o momento.
O impacto dessa operação pode ser significativo no contexto político brasileiro, especialmente considerando que os valores gastos por Sóstenes com aluguel de veículos em 2021 quase dobravam a média geral de outros parlamentares. Reportagens anteriores revelaram que seus gastos nesse setor totalizaram mais de R$ 137,9 mil, enquanto a média dos demais deputados ficou em cerca de R$ 76,8 mil.
A situação de Carlos Jordy é um pouco diferente, uma vez que suas despesas com aluguel de carros foram de R$ 65,4 mil, um valor abaixo da média. A disparidade nos gastos acende ainda mais a atenção sobre o uso das cotas parlamentares e a necessidade de transparência nas ações dos legisladores.
Além disso, o levantamento feito pelo Globo revela que os contratos com locadoras de veículos se tornaram um foco de investigação, uma vez que muitos internautas e cidadãos exigem mais rigor na fiscalização do uso das verbas públicas.
Esta investigação demonstrou que há um crescente envolvimento de órgãos federais na luta contra a corrupção, destacando a necessidade de mecanismos mais eficazes para garantir a responsabilidade dos representantes eleitos. Em meio a essa ampla apuração, a sociedade civil acompanha atentamente o desenrolar dos eventos.
As investigações ainda estão em andamento e os desdobramentos futuros poderão impactar não apenas as vidas dos deputados envolvidos, mas também a confiança pública nas instituições políticas do Brasil.



