Brasil, 19 de dezembro de 2025
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Ordem de demolição de Israel ameaça campo de futebol em Belém

A precariedade da vida nos campos de refugiados palestinos é ainda mais sentida em um pequeno campo de futebol situado aos pés do muro que separa Israel do campo de refugiados de Aida, na Cisjordânia. Recentemente, a esperança de muitos jovens foi colocada em risco com uma ordem de demolição emitida pelas forças israelenses, que ameaça destruir o local onde eles praticam esportes e vislumbram um futuro melhor. O cenário é particularmente preocupante para Abdallah Al-Ansourur, um adolescente de 18 anos que sonha em integrar a seleção palestina e que cresceu jogando naquela área. Para ele e seus companheiros, o campo representa mais que um espaço para jogar; é uma tábua de salvação em meio a dificuldades cotidianas.

A importância do campo de futebol na vida das crianças palestinas

Com hoje mais de 500 crianças treinando na estrutura que, embora pequena, simboliza liberdade e esperança, a pequena área de grama sintética se tornou um ponto de encontro para muitas delas. “Comecei quando tinha uns 13 anos. Este campo me deu uma oportunidade real de treinar”, afirmou Abdallah, que se sente profundamente ligado ao lugar, onde teve seu primeiro contato com o futebol.

Em dezembro, a rotina dos jovens foi severamente interrompida quando encontraram um bilhete do exército israelense na entrada do campo, informando sobre a ordem de demolição. Muhannad Abu Srour, diretor de esportes do Centro da Juventude de Aida, expressou sua surpresa e preocupação: “Ficamos surpresos ao descobrir que era uma ordem para demolir o campo. O campo é o único espaço aberto que temos. Se tirarem o campo, os sonhos das crianças serão destruídos”, lamentou.

O único espaço aberto da comunidade

A falta de lugares disponíveis para o lazer e a prática esportiva amplifica a tensão vivida pelos habitantes do campo. “Sem este campo, eu não teria tido esta oportunidade. Se ele não existisse, estaríamos jogando nas ruas ou não jogaríamos de jeito nenhum”, ressaltou Abdallah. A importância da manutenção desse espaço vai além do esporte. Ele representa um alicerce emocional e social para crianças em um ambiente muitas vezes marcado pela opressão e pelo desespero.

De acordo com Saeed Al-Azzeh, chefe do comitê popular do campo, a situação é alarmante. “Hoje, mais de 7.000 pessoas vivem no mesmo terreno. As ruas são estreitas, os becos são apertados: não há para onde ir”, afirmou, enfatizando a necessidade do campo para a saúde mental dos moradores.

A opressão da mobilidade e seus impactos

O campo de futebol de Aida não é apenas uma localização, mas sim um símbolo de resistência. Desde 1967, a ocupação israelense da Cisjordânia tem sido marcada por constantes destruições de infraestrutura palestina, sendo este campo apenas mais um exemplo. As autoridades israelenses alegam que as construções foram feitas sem autorização, enquanto figuras locais, como Anton Salman, anteriormente prefeito de Belém, contra-argumentam que a construção foi, de fato, legal, afirmando que o governo municipal tinha arrendado o terreno à Igreja Armênia.

Apesar das afirmações contraditórias entre as autoridades israelenses e os líderes locais, o que é inegável é o impacto da mobilidade restrita sobre os jovens atletas. Atualmente, levar uma equipe de Aida a Ramallah, uma cidade que está apenas a 20 quilômetros, leva cerca de seis horas devido aos inúmeros postos de controle que surgiram, complicando o acesso ao esporte e à competição local. “Ir jogar na França é mais fácil do que ir jogar em Nablus”, observou Abu Srour, destacando absurdos da realidade enfrentada por esses jovens.

O sonho de continuar jogando

O treinador Mahmud Jandia, que está à frente de 50 crianças durante os treinos, expressou sua esperança: “Sim, o muro está lá, e parece uma prisão, mas, apesar disso, o mais importante é que o campo permaneça e que as crianças continuem a jogar”. Ele percebe que o campo é fundamental para que os sonhos das crianças não se desfaçam: “Se o campo for demolido, todos os sonhos das crianças serão demolidos junto com ele”, concluiu.

O futuro dessas jovens vidas, assim como suas aspirações, agora dependem de decisões que vão muito além de seus destinos individuais, colocando em pauta a saúde emocional e o bem-estar de uma comunidade inteira. Numa região marcada por conflitos e incertezas, o futebol surge como uma forma de esperança e união.

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