Moradores de Queimados, cidade localizada na Baixada Fluminense, enfrentam uma situação preocupante: a paralisação de obras essenciais para a infraestrutura e segurança contra enchentes. Segundo os relatos, as intervenções, que foram celebradas pelo governo estadual e prometiam trazer melhorias significativas para os bairros da Paz, Roncador e Luís de Camões, estão paradas há pelo menos um ano, deixando a população à mercê de um problema que se agrava em períodos de chuvas intensas.
Contexto das obras de infraestrutura
O projeto de infraestrutura, avaliado em mais de R$ 40 milhões, incluía a pavimentação de 63,9 quilômetros de ruas e calçadas, além da instalação de 32,7 quilômetros de rede de abastecimento de água potável e 12,4 km de rede de esgoto sanitário. Os trabalhos começaram em outubro de 2021 e tinham um prazo de 18 meses para serem concluídos, conforme o contrato assinado entre o governo e uma empreiteira. No entanto, a promessa não foi cumprida, e os moradores agora se deparam com ruas esburacadas e intransitáveis durante as chuvas.
Os impactos nas comunidades
Com a paralisação das obras, os bairros mais afetados, como o da Paz e Roncador, enfrentam dificuldades significativas. Os relatos de moradores, como o do carpinteiro Luiz Rodrigues de Souza, mostram uma frustração crescente. “Sumiu todo mundo que trabalhava na obra. Ninguém sabe pra onde foi a empresa que estava fazendo as obras”, destaca Luiz, evidenciando a falta de comunicação e resposta por parte das autoridades e da empreiteira.
André Luís da Solva Gomes, consultor e morador de Queimados, explica que a falta de verbas e materiais foi a justificativa apresentada para a interrupção dos trabalhos. “Acabou a verba, acabou material e não tinham como continuar. Pegaram tudo e foram embora”, diz, ressaltando o desespero da comunidade diante da falta de providências e resposta da prefeitura e do governo estadual.
Chronologia das paralisações
A primeira paralisação das obras ocorreu em dezembro de 2022, resultando em um novo cronograma que previa a retomada das atividades em abril de 2023, após uma nova interrupção em setembro do mesmo ano. De acordo com informações do Portal da Transparência, a obra foi oficialmente suspensa novamente em dezembro de 2022, sem previsão de retorno, o que aumenta a desconfiança da população sobre a destinação do dinheiro público.
Esse impasse representa não apenas um atraso nas melhorias estruturais, mas também um desperdício de recursos financeiros, já que, segundo o contrato, a multa por atraso injustificado poderia ultrapassar R$ 400 mil. A inércia das obras é especialmente alarmante para os moradores, que vivem uma realidade marcada por dificuldade de locomoção e riscos de alagamentos.
O que dizem as autoridades
Em busca de respostas, a equipe do RJ2 questionou o governo do estado e a Prefeitura de Queimados sobre o cumprimento do contrato e os motivos que levaram à paralisação das obras. O governo estadual afirmou compreender a relevância da intervenção, mencionando que está avaliando alternativas para resolver a situação. Contudo, até o momento, a Prefeitura de Queimados não retornou aos questionamentos.
A falta de explicações claras por parte das autoridades se reflete na indignação da comunidade, que se sente abandonada. Muitos moradores têm se mobilizado nas redes sociais e em encontros comunitários para exigir resposta e a retomada das obras de infraestrutura que são tão necessárias para a segurança e o bem-estar da população.
Enquanto isso, a situação em Queimados persiste, colocando em evidência a necessidade de uma gestão mais eficaz dos recursos públicos e um compromisso real com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. A população espera não só a retomada das obras, mas também um plano efetivo para prevenir futuros problemas e garantir que os investimentos sejam aplicados de maneira adequada e transparente.


