Leaders católicos em Bangladesh denunciaram nesta sexta-feira (19) os ataques de vandalismo e incêndios a escritórios de jornais, residências de políticos e instituições culturais, em meio às manifestações após a morte de Sharif Osman Hadi, um líder rebelde e crítico do governo. As ações ocorreram na capital Dhaka e nas cidades de Khulna e Chittagong, agravando a crise política do país.
Condenação dos ataques e apelo por segurança
O padre Liton Hubert Gomes, secretário da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal, afirmou que “todo ato de violência e destruição é inaceitável” e criticou a passividade do governo diante das agressões. “Eles têm a responsabilidade de proteger as instituições e a liberdade de imprensa, mas, até agora, não tomaram medidas eficazes.”
O religiosa reforçou que “não se pode permitir que o mobrule prevaleça, pois a liberdade de expressão é fundamental para uma democracia saudável”.As manifestações violentas ocorreram após o assassinato de Hadi, ocorrido em dezembro de 2025, em uma tentativa de silenciar críticas ao governo e à hegemonia indiana na região.
Contexto político e protestos recentes
Hadi, de 32 anos, foi uma figura central na rebelião liderada por jovens em julho de 2024, que resultou na deposição do ditador Sheikh Hasina e na instalação de um governo interino sob liderança de Muhammad Yunus. O ativista tinha se destacado por denunciar a influência de Nova Délhi em assuntos internos de Bangladesh e planejava disputar as próximas eleições pelo partido opositor.
Desde a sua morte em Singapura, há uma semana, parte da população mantém manifestações de protesto, acusando grupos extremistas de estarem por trás dos atos de violência. Os manifestantes atacaram e incendiaram sedes de jornais locais, como o Prothom Alo, além de jornais internacionais e centros culturais, incluindo o Centro Cultural Indira Gandhi.
Resposta do governo e apelos à calma
O governo de Bangladesh condenou fortemente os ataques e afirmou que “toda ação violenta é contra os princípios nacionais”. Em nota oficial, o governo destacou que “a segurança das pessoas e das instituições é prioridade” e que “investigações estão em andamento para identificar os responsáveis”.
Na manhã desta sexta-feira, o primeiro-ministro interino, Muhammad Yunus, fez um apelo à pacificação e à calma, reforçando o compromisso do país com os direitos civis e a liberdade de imprensa. “Nenhum ato de violência pode justificar a violência, e a justiça deve prevalecer”, afirmou Yunus.
Perspectivas para o futuro político
Analistas avaliam que a situação de instabilidade política em Bangladesh deve continuar até que as investigações revelem os verdadeiros responsáveis pelos ataques, além de uma possível renegociação das tensões com a Índia. A participação de intelectuais, líderes religiosos e organizações internacionais tem sido considerada fundamental para evitar a escalada da violência.
Especialistas alertam que o país precisa reforçar seu sistema de segurança e garantir o direito ao protesto pacífico, sob risco de aprofundar a crise e comprometer o processo democrático, já fragilizado pelos acontecimentos recentes.


