O Brasil espera que a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia ocorra “o mais rápido possível”, disse nesta sexta-feira (19) o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Segundo ele, o eventual adiamento deve ser curto, dada a relevância do tratado para o bloco sul-americano e o comércio internacional.
Desafios políticos e otimismo brasileiro
“O acordo Mercosul–União Europeia é importante para o Mercosul e para o mundo, para o avanço do multilateralismo. Esperamos que o mais rápido possível seja assinado”, afirmou Alckmin em entrevista à imprensa de balanço das atividades do ministério em 2025.
O ministro ressaltou que, apesar das resistências políticas de alguns países europeus, como França e Itália, o governo brasileiro mantém o otimismo quanto à conclusão do processo.
Expansão de acordos comerciais
Alckmin destacou que o Brasil trabalha para ampliar negociações com outros parceiros estratégicos. Segundo ele, há otimismo de que até julho haja avanços nas negociações com o México para aumentar as linhas tarifárias de preferência.
“O mesmo vale para a Índia”, acrescentou. Quanto ao Canadá e aos Emirados Árabes Unidos, o objetivo é aprofundar as discussões para acordos mais amplos de livre comércio.
Impacto das tarifas mexicanas
Sobre a recente elevação de tarifas do México, Alckmin afirmou que acordos já existentes, como os relacionados ao setor automotivo, não serão atingidos. O impacto estimado das medidas caiu para cerca de US$ 600 milhões, abaixo da projeção inicial que superava US$ 1 bilhão.
Perspectivas para exportações brasileiras
Mesmo diante do aumento de medidas protecionistas globais, incluindo o tarifaço adotado pelos Estados Unidos, Alckmin prevê que o Brasil deve encerrar o ano com recorde nas exportações. Segundo ele, a maior parte das vendas para os Estados Unidos ocorre com tarifas baixas ou nulas.
“Vejam como é importante abrir mercados. O Brasil deve fechar o ano com recorde de exportações”, afirmou.
Agenda de melhorias e investimentos
Em balanço de fim de ano, Alckmin apresentou uma agenda voltada à desburocratização, estímulo ao investimento estrangeiro e fortalecimento da indústria brasileira. Entre as próximas ações, está a criação da Janela Única de Investimento, prevista para o início de 2026, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo é centralizar processos e reduzir custos para investidores.
Outra iniciativa destacada foi a plataforma Camex 360, já em funcionamento, que centraliza informações sobre tarifas, processos antidumping e decisões de comércio exterior.
Foco na indústria automotiva e renovação de frotas
Alckmin detalhou o novo programa de crédito para renovação da frota de caminhões, com meta de ampliar a segurança viária e impulsionar a indústria do setor. Regulamentado nesta sexta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o programa prevê financiamento com juros diferenciados, condicionado ao descarte de veículos antigos.
Conforme explicou, além dos R$ 6 bilhões garantidos pela Medida Provisória 1.328, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aportará mais R$ 4 bilhões. Assim, a linha de crédito para renovação de caminhões terá R$ 10 bilhões disponíveis.
No setor de veículos de passeio, o ministro destacou o crescimento nas vendas de modelos sustentáveis de entrada, estimuladas por incentivos tributários considerados fiscais neutros.
“O que estamos mostrando é que é possível avançar com livre mercado, multilateralismo e sustentabilidade”, concluiu Alckmin.


