A assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi mais uma vez adiada, desta vez para janeiro de 2025. O atraso gerou reprovação de associações empresariais da Alemanha, que consideram a medida um retrocesso na credibilidade da Europa no cenário global. A expectativa é que o acordo, que há 25 anos está em negociação, seja o maior tratado comercial da UE em termos de cortes tarifários.
Reações à postergação do pacto comercial
Tanja Goenner, diretora administrativa da associação industrial alemã BDI, afirmou que o novo adiamento prejudica a credibilidade da Europa como ator geoestratégico e pediu aos Estados-membros que superem interesses particulares para fortalecer a competitividade do bloco. A associação da indústria automobilística alemã, VDA, também condenou o atraso, destacando a importância de uma economia europeia forte neste momento.
Hildegard Mueller, presidente da VDA, declarou que, ao adiar a assinatura, a UE envia um sinal de fraqueza, colocando em risco sua reputação como parceira confiável nas negociações comerciais internacionais.
Contexto do acordo e disputas internas na UE
O pacto, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, visa eliminar tarifas e promover maior integração econômica com a União Europeia. Porém, a negociação tem sido marcada por tensões e diferentes interesses. Alemanha, Espanha e países nórdicos defendem o acordo como uma oportunidade de impulsionar exportações e reduzir a dependência da China, especialmente na oferta de minerais estratégicos.
Por outro lado, França, Itália e outros críticos receiam que o acordo possa facilitar a entrada de commodities baratas, prejudicando os agricultores europeus, que chegaram a protestar com tratores em Bruxelas nesta semana. As divergências culminaram na decisão de adiar a assinatura, que vinha sendo discutida há mais de duas décadas.
Perspectivas de retomada e impacto econômico
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que espera que um número suficiente de países da UE apoie o tratado para que ele seja aprovado. Especialistas apontam que o acordo poderia aumentar as exportações da Europa em até 39% até 2040, segundo dados da associação comercial BGA, reduzindo tarifas que atualmente elevam custos em cerca de 4 bilhões de euros anuais.
Volker Treier, chefe de comércio exterior da Câmara de Comércio Alemã DIHK, destacou que o adiamento reflete a fragilidade da UE em tempos de turbulência na política econômica global. “Enquanto os EUA adotam uma postura protecionista, negociações comerciais abertas se tornam ainda mais essenciais para as empresas alemãs”, afirmou.
Próximos passos e desafios futuros
O adiamento evidencia a complexidade das negociações e a necessidade de consenso entre os países europeus. A expectativa é que, na próxima reunião do Conselho Europeu, os líderes avancem na canalização do apoio necessário para formalizar o tratado, cujo potencial de ampliar as exportações e fortalecer a posição internacional da UE depende da superação dessas divergências.


