A Surf Brasil — a nova denominação da Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf) — anunciou alterações significativas na estrutura do campeonato nacional que entrarão em vigor em 2026. O novo modelo propõe a unificação da Taça Brasil e do Dream Tour em um único circuito, que terá quatro etapas ao longo do ano e uma premiação total de R$ 2 milhões. Essa mudança gerou polêmica entre os atletas que frequentemente competem nos eventos, levando a críticas nas redes sociais.
Alterações significativas no número de etapas
Com a implementação da nova estrutura, o número de etapas no campeonato brasileiro sofrerá uma drástica redução. Entre 2022 e 2023, o surfe nacional acolheu 11 eventos, sendo seis etapas do Dream Tour e cinco da Taça Brasil. Para 2024, a quantidade de etapas do Dream Tour foi reduzida para quatro, enquanto a Taça Brasil permaneceu inalterada. No entanto, com a unificação prevista para 2026, o calendário será restrito a apenas quatro competições.
Os atletas reagem com descontentamento a essas mudanças. O surfista Vitor Ferreira comentou ironicamente: “Ta irado po…👍🏾”, enquanto Amanda Tenorio, uma das surfistas mais reconhecidas do Brasil, questionou: “Saímos de 10 a 12 etapas no ano juntando Taça Brasil e Dream Tour para 1 circuito só com 4 etapas??”. Outro surfista declarou que a quantidade de eventos era crucial tanto para a sobrevivência financeira dos atletas quanto para seu desenvolvimento no esporte.
Impactos financeiros e competitivos
A redução do número de eventos também terá implicações diretas na distribuição de prêmios. Antes, a coexistência de dois circuitos permitia um maior número de etapas com prêmios, aliviando a carga financeira dos atletas ao longo da temporada. A nova estrutura, que prevê apenas R$ 2 milhões em premiações, é muito aquém do que era distribuído anteriormente, gerando preocupações sobre a viabilidade financeira dos competidores.
Custos operacionais e logística
Ademais da premiação, o novo formato implica em longas janelas de competição, com disputas diárias ao longo dos períodos definidos para cada etapa. As condições favoráveis para o surfe no Brasil costumam ocorrer em janelas curtas, resultando em competições com flutuações na qualidade técnica das ondas de acordo com a localidade e o clima. Os custos associados à participação, como hospedagem e transporte, continuarão sendo de responsabilidade dos atletas, exigindo um planejamento financeiro cuidadoso.
Sedes e expectativas para 2026
Até o momento, a Surf Brasil não divulgou quais cidades sediarão as quatro etapas do novo circuito nem as datas dos eventos. A escolha das sedes é considerada crucial para o planejamento dos atletas, equipes e patrocinadores, e a concentração das etapas em determinadas áreas levantou discussões sobre acesso e logística, principalmente para surfistas que residem em estados mais distantes.
Importante lembrar que esta reformulação ocorre em um contexto em que a Surf Brasil recebeu R$ 42,5 milhões em repasses do Comitê Olímpico do Brasil (COB) entre 2022 e 2026, o que a colocará entre as seis confederações que mais receberão recursos em 2026. Frente a isso, outras modalidades, como o atletismo e a vela, terão orçamentos inferiores.
O GLOBO entrou em contato com a Surf Brasil para obter uma posição oficial sobre as mudanças, mas até o momento, não houve resposta. O espaço fica aberto para a confederação esclarecer os pontos controversos e responder às críticas dos atletas.
A expectativa de todos é que as mudanças trazidas ao circuito, apesar de polêmicas, possam contribuir para o crescimento do surfe brasileiro e que a Surf Brasil encontre uma maneira de equilibrar a competição, a premiação e a participação dos atletas a partir de 2026.


