A Copa do Mundo de 2026, que ocorrerá entre 11 de junho e 19 de julho em três países da América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México), está motivaando um intenso debate entre torcedores e a FIFA, responsável pela venda dos ingressos. Recentemente, a entidade revelou preços que geraram grandes frustrações, levantando críticas sobre a acessibilidade da competição. Os ingressos mais baratos, por exemplo, foram anunciados a 60 dólares (aproximadamente R$ 330). No entanto, essa estratégia foi vista como uma mera tática para acalmar os ânimos diante da reação negativa em nível mundial.
A crítica dos torcedores e a opinião da FIFA
A Federação Nacional de Torcedores (FSE) expressou descontentamento com a nova tabela de preços, argumentando que as altas tarifas não resolvem o problema estrutural de acesso ao torneio. “O sentimento geral é de decepção”, declarou Guillaume Auprêtre, porta-voz do principal grupo de torcedores da seleção da França, que conta com cerca de 2,5 mil integrantes. Ele ressaltou que a expectativa de um evento mais inclusivo não se concretizou.
Desde o anúncio dos preços, a proposta da FIFA de realizar a Copa do Mundo “mais inclusiva” da história foi colocada em xeque. Embora a FIFA tenha tentado tranquilizar os torcedores ao anunciar uma categoria de ingressos mais acessíveis, muitos ainda questionam a seriedade dessa abordagem, considerando os valores elevado de acordo com a realidade econômica mundial.
Valores exorbitantes
Os preços, de acordo com a FSE, variam entre 190 e 600 euros para as partidas na fase de grupos e podem chegar a 7,4 mil euros para assistir à final. Essa disparidade de valores, segundo críticos, coloca em risco o sonho de muitos fãs que querem acompanhar seus times em um dos maiores eventos do esporte.
Christian Crivelli, cientista político argentino que já participou de três Copas do Mundo, comentou que a tentativa da FIFA foi aproximar os preços oficiais do que historicamente são praticados no mercado de revenda. “O que a entidade fez foi igualar os preços históricos de revenda aos preços oficiais”, afirmou Crivelli, que administra um dos grupos de WhatsApp da La Banda Argentina, dedicados a torcedores de seu país.
Reações de políticos e torcedores
A indignação em relação aos altos preços de ingressos não se limita aos torcedores organizados. Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, também comentou sobre o assunto, mencionando que, apesar do anúncio de ingressos mais baratos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para tornar as entradas mais acessíveis. “Como alguém que costumava economizar para comprar ingressos, incentivo a FIFA a fazer mais”, disse ele, ressaltando a importância de manter o contato com os verdadeiros torcedores.
Além das preocupações de políticos, muitos torcedores sul-americanos expressaram descontentamento. O administrador público colombiano César Charry relatou que os custos estão impossíveis, inviabilizando o planejamento para assistirem ao evento. “Caso vá, as economias não são suficientes, basicamente seria preciso recorrer a um empréstimo”, afirmou. Essa ideia de levar um empréstimo para realizar um sonho esportivo é bastante frustrante para muitos fãs.
Cultura e paixão no futebol
Para alguns torcedores, a paixão fala mais alto que o preço. Daniel Ballén, também da Colômbia, revelou que sua família optou por sacrificar gastos do dia a dia para conseguir dinheiro e acompanhar o torneio. “A decisão se sustenta porque a paixão está acima dos custos”, explicou, evidenciando a conexão emocional que muitos têm com o futebol e a Copa do Mundo.
O impacto do debate sobre os preços dos ingressos da Copa do Mundo de 2026 continua a reverberar na esfera pública, levando até mesmo membros do meio esportivo a se posicionar. Steve Clarke, técnico da seleção da Escócia, fez um apelo para que os torcedores “não se endividem para ir à Copa do Mundo”, trazendo à tona uma preocupação válida sobre o quanto as pessoas estão dispostas a investir para assistir seus times em um evento tão grandioso, mas que também pode vir com um alto custo.
À medida que o torneio se aproxima, a expectativa é que FIFA reavalie seus planos para garantir que o Mundial seja realmente acessível a todos os torcedores, mantendo viva a paixão e entusiasmo que o futebol proporciona.


