A Fórmula 1 sempre despertou curiosidade e debates. Uma das questões mais frequentes é: os pilotos são considerados atletas? A resposta é um unânime sim. Recentemente, em uma entrevista exclusiva ao iG Esportes, o Dr. Dino Altmann, um renomado especialista em medicina no automobilismo e ex-presidente da comissão médica da FIA, discutiu o assunto, detalhando as exigências físicas e mentais que esses pilotos enfrentam.
As exigências físicas da Fórmula 1
De acordo com Dr. Altmann, pilotar um carro de Fórmula 1 demanda um treinamento físico rigoroso, que inclui tanto exercícios aeróbicos quanto anaeróbicos. Esses treinos são essenciais para garantir a oxigenação adequada dos tecidos, fundamental para a manutenção da capacidade cognitiva durante provas que podem durar entre 1h30 e 2h.
“Imagine você exausto após um exercício. Isso diminui sua capacidade de concentração. Essas exigências também são cruciais para a homeostase, permitindo que o corpo mantenha suas funções fisiológicas mesmo sob condições adversas, como desidratação”, explica o médico.
Além disso, o treinamento anaeróbico contribui para o aumento do equilíbrio e a capacidade de reação às forças que atuam sobre o corpo durante as corridas, elementos fundamentais para a segurança e performance do piloto.
Forças extremas enfrentadas pelos pilotos
Durante uma corrida, os pilotos podem sentir até cinco vezes a força da gravidade durante as frenagens, exigindo um bom fortalecimento muscular para manter o controle do carro. A pressão que exercem no pedal do freio pode chegar a impressionantes 100 kg, o que requer um notável nível de força nas pernas.
“As musculaturas relacionadas à posição do corpo precisam estar sempre ativas, mesmo com o cinto de segurança bem apertado. O cansaço muscular e as alterações circulatórias podem ser desafios graves, e a força e resistência são essenciais”, afirma Dr. Altmann.
A importância dos músculos do pescoço
Outro aspecto relevante é o preparo muscular do pescoço. O Dr. Altmann destaca que, devido ao movimento mais livre dentro do cockpit, essas estruturas musculares precisam suportar grandes forças laterais durante a condução. A falta de preparo pode resultar em dores e perda de desempenho.
Embora desafiante, o treinamento de força para essas áreas críticas envolve o uso de capacetes pesados e resistência elástica, ajudando os pilotos a se manterem firmes e focados, mesmo sob intenso estresse físico.
Preparação detalhada dos pilotos
Um documento da Red Bull, publicado em 2024, detalha o alto nível de atuação dos pilotos no automobilismo, classificando-os como atletas de elite. Eles precisam de um planejamento rigoroso de treinos, já que suas corridas podem levar até duas horas de intenso esforço físico.
Max Verstappen, um dos principais pilotos da atualidade, comenta: “Meu pai sempre dizia: você nunca pode estar cansado no carro, porque assim você não é forte o suficiente”. Essa filosofia evidencia a importância de uma disciplina extrema para o sucesso dentro e fora da pista.
Sinergia entre piloto e carro
Contudo, a massa muscular não pode ser excessiva, pois isso pode afetar negativamente o desempenho do carro. Para otimizar a capacidade de oxigenação dos tecidos, os pilotos adotam uma dieta e um regime de treinamento que favorecem um corpo leve e aerodinâmico.
“A capacidade de oxigenação dos tecidos, medida pela VO2, é inversamente proporcional ao peso. Em resumo, quanto mais leve o piloto, melhor será seu desempenho durante a corrida”, conclui Dr. Dino, enfatizando a importância de uma abordagem equilibrada entre força e leveza.
Ao unir condicionamento físico, dieta adequada e conexão íntima entre piloto e veículo, as estrelas da Fórmula 1 não apenas superam limites, mas redefinem o que significa ser um atleta em uma das competições mais desafiadoras do planeta.
Os pilotos de Fórmula 1, portanto, não só possuem habilidades extraordinárias em pilotagem, mas também demonstram uma dedicação intensa ao treinamento e preparo físico, legitimando sua classe como atletas de elite.
