O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira (18) que discorda da ideia de privatizar os Correios e enfatizou a necessidade de recuperar a estatal. Em conversa com jornalistas, Lula afirmou que, enquanto estiver na presidência, o governo não permitirá a privatização, mas pode estabelecer parcerias com empresas privadas.
Compromisso de manter os Correios públicos
Lula destacou que o objetivo do governo é devolver os Correios à estabilidade financeira e operacional, sem abrir mão do caráter de empresa pública. “Enquanto eu for presidente, não tem privatização. O que podemos fazer é estabelecer parcerias, como com empresas italianas interessadas em formar sociedade com os Correios”, afirmou.
Medidas para superar crise e garantir recuperação
O presidente também anunciou que delegou à ministra da Gestão e Infraestrutura, Esther Dweck, a responsabilidade por liderar as ações necessárias para solucionar a crise na estatal, que enfrenta a sua pior fase histórica. Lula frisou que o esforço é pela recuperação da empresa e que não admite que os Correios continuem dando prejuízo à sociedade.
Após a declaração de Lula, o Conselho de Administração dos Correios aprovou a contratação de um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a cinco bancos, uma operação ainda sujeita à aprovação do Tesouro Nacional, que avaliará a sustentabilidade da empresa. “Nosso objetivo é assegurar os recursos necessários para reestruturar os Correios e evitar a privatização”, reforçou Lula.
Requisitos para liberação do crédito
Para que o empréstimo seja efetivado, os Correios precisam apresentar um plano completo de reestruturação econômica e financeira, que demonstre a viabilidade de retorno ao lucro no médio e longo prazo. O governo condiciona a liberação do financiamento à aprovação de uma garantia da União, que seria acionada caso a estatal não honre a dívida.
Após a obtenção do aval do Tesouro, os bancos — Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal — negociarão os detalhes finais do contrato de financiamento. A expectativa do governo é de que o aval seja concedido em breve, garantindo o início das operações.
Medidas de reestruturação e ajustes internos
A proposta de reestruturação inclui cortes de custos, como o desligamento de cerca de 15 mil funcionários por meio de plano de demissão voluntária, além do fechamento de aproximadamente mil unidades até 2027. A estratégia também prevê a ampliação de parcerias comerciais para diversificar receitas e melhorar a sustentabilidade da empresa.
Conflitos trabalhistas e esforços de mediação
Nos últimos dias, os Correios enfrentam uma greve de funcionários que reivindicam um pagamento extra de R$ 2.500 em vale-refeição ou alimentação, medida que a direção da estatal afirma não ter condições de atender. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) atua como mediador, com o objetivo de negociar um acordo e garantir o funcionamento dos serviços postais.
Perspectivas futuras
Com a nova linha de crédito de R$ 12 bilhões e o plano de reestruturação em andamento, o governo espera reverter o quadro de crise, resgatar os Correios para a lucratividade e manter sua política de empresa pública. A ação visa preservar o papel estratégico da estatal na prestação de serviços essenciais ao povo brasileiro.


